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Filarmônica de Minas Gerais celebra o bicentenário de Smetana e Reinecke, este último com obra interpretada pela Principal Flaustista da Orquestra, Cássia Lima. Dias 22 e 23 de agosto, às 20h30, na Sala Minas Gerais

Dois bicentenários são comemorados pela Filarmônica de Minas Gerais, nos concertos dos dias 22 e 23 de agosto, às 20h30, na Sala Minas Gerais. Um, com a célebre Abertura da ópera A noiva vendida, do tcheco Smetana. Outro, com o Concerto para a flauta de Reinecke, que será interpretado pela Principal Flautista da Orquestra, Cássia Lima. A noite se encerra com a última sinfonia escrita pelo grande representante do Romantismo alemão, Robert Schumann, a Sinfonia nº 3 em Mi bemol maior, op. 97, “Renana”. A regência é do maestro José Soares, Regente Associado da Filarmônica de Minas Gerais. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br e na bilheteria da Sala, a partir de R$ 39,60 (inteira).

Este projeto é apresentado pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais, conta com o patrocínio do Itaú, da Rede e da Gasmig, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Apoio: Circuito Liberdade e Programa Amigos da Filarmônica. Realização: Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo de Minas Gerais, Ministério da Cultura e Governo Federal.

Maestro José Soares, regente associado da Filarmônica de Minas Gerais

 

Natural de São Paulo, José Soares é Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2022, tendo sido seu Regente Assistente nas duas temporadas anteriores.

Venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio (2021), recebendo os prêmios do júri e do público na competição.

Iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos. Estudou Regência Orquestral com o maestro Claudio Cruz, em um programa regular de masterclasses em parceria com a Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Participou como bolsista nas edições 2016 e 2017 do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, sendo orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Libreich. Recebeu, nesta última, o Prêmio de Regência, tendo sido convidado a atuar como regente assistente da Osesp em parte da temporada 2018, participando de um Concerto Matinal a convite de Marin Alsop.

Foi aluno do Laboratório de Regência da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo convidado pelo maestro Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Em julho desse mesmo ano, teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi e Leonid Grin, como parte do programa de Regência do Festival de Música de Parnü, Estônia. Ao final de 2021, recebeu o prêmio da crítica da Revista Concerto na categoria “Jovem Talento”.

No Japão, regeu as orquestras Sinfônica NHK de Tóquio, New Japan Philharmonic, Sinfônica de Hiroshima e Filarmônica de Nagoya. Conduziu também a Osesp e a MÁV Symphonie Orchester em Budapeste.

José Soares é Bacharel em Composição pela Universidade de São Paulo. Em 2024, conduziu a Orquestra de Câmara de Curitiba, a Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina, retornou à Osesp e à Sinfônica Jovem de São Paulo, e tem concertos agendados com a Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro e a Sinfônica do Paraná, junto ao Balé do Teatro Guaíra.

Cássia Lima, Principal Flautista da Filarmônica de Minas Gerais

Cássia Lima é Bacharel em Flauta pela Unesp e concluiu seu mestrado e Artist Diploma na Mannes School of Music (Nova York). Foi aluna de João Dias Carrasqueira, Grace Busch, Jean-Nöel Saghaard, Marcos Kiehl e Keith Underwood. Participou dos principais festivais de música do país e venceu concursos importantes, como o II Concurso Nacional Jovens Flautistas, o Jovens Solistas da Orquestra Experimental de Repertório, a Mannes Concerto Competition e o Gregory Award. Tem ampla atuação com música de câmara, integrando o Quinteto de Sopros da Filarmônica e diversos outros grupos em Belo Horizonte. Bolsista do Tanglewood Music Center, atuou como camerista e Primeira Flauta sob regência de James Levine, Kurt Masur, Seiji Ozawa e Rafael Frühbeck de Burgos. Na Orquestra de Minnesota, foi regida por Charles Dutoit. Foi Primeira Flauta e solista da Osesp, integrando-se à Filarmônica em 2009 como Flauta Principal. Desde então, Cássia se apresentou como solista com a Orquestra várias vezes. Gravou o álbum Memória da Música Brasileira – Vol. I com o pianista Miguel Rosselini. Desde 2019, participa do Festival Artes Vertentes, em Tiradentes (MG).

 

Repertório

 

Bedrich Smetana (Litomysl, República Tcheca, 1824 – Praga, República Tcheca, 1884) e a obra A noiva vendida: Abertura (1863/1866, revisão 1870)

 

Bedrich Smetana foi o principal nome do movimento nacionalista tcheco na música, sendo alçado a símbolo da independência cultural de seu país após a sua morte, em 1884. As oito óperas que compôs, juntamente ao belo ciclo de poemas sinfônicos Má Vlast (Minha Pátria), são considerados marcos inaugurais da escola musical tcheca, que se estabeleceria nos anos seguintes com Antonin Dvorák e Leos Janácek. Composta entre 1863 e 1866, A noiva vendida foi a primeira ópera cantada neste idioma a ganhar popularidade internacional. Sua estreia, porém, teve recepção morna, o que levou Smetana a realizar diversas revisões na partitura. A versão definitiva de A noiva vendida foi concluída e estreada em 1870. Nas décadas seguintes, tornou-se rapidamente um clássico permanente no repertório do Teatro Nacional de Praga e ganhou fãs em toda a Europa, apresentando a outras culturas as particularidades de uma abordagem musical tipicamente tcheca. Em sua brilhante Abertura, podemos apreciar como Smetana interpreta com habilidade a tradição de sua terra natal sem recorrer a citações diretas de temas populares, nem cair na produção barata de um certo “exotismo”. Por meio de suas harmonias alegres e do emprego de uma rítmica característica, a Abertura cria, de forma bastante vívida, uma atmosfera envolvente que remete às festividades e danças tradicionais boêmias.

Carl Reinecke (Altona, Alemanha, 1824 – Leipzig, Alemanha, 1910) e a obra Concerto para flauta em Ré maior, op. 283″ (1908)

Pianista talentoso e compositor de rara sensibilidade melódica, o alemão Carl Reinecke ganhou reconhecimento principalmente pelas mais de três décadas em que atuou como professor no renomado Conservatório de Leipzig, onde contribuiu com a formação de toda uma geração de grandes músicos. Segundo seus amigos próximos, entre os quais constam Liszt, Mendelssohn e o casal Robert e Clara Schumann, Reinecke era um homem gentil e amigável, mas, ao mesmo tempo, firme em suas convicções musicais e pedagógicas. Pouco lhe interessavam as propostas de Wagner e da Nova Escola Alemã que crescia no período. Como artista e educador, sua visão era fundamentada em uma formação calcada nos clássicos, especialmente Bach. Esses valores se refletem também em sua abordagem composicional, como podemos observar no belo Concerto para flauta em Ré maior. Uma das últimas obras escritas por Reinecke, em 1908, o Concerto demonstra claro domínio das formas e linguagens dos períodos Clássico e Barroco, acrescidas de uma sonoridade algo brahmsiana. Ao longo de seus três movimentos, brilha o virtuosismo do solista, a quem Reinecke – como um professor deveras exigente, porém nunca injusto – entrega passagens que demandam técnica apurada, mas também permitem imensa expressividade.

 

Robert Schumann (Zwickau, Alemanha, 1810 – Bonn, Alemanha, 1856) e a obra Sinfonia nº 3 em Mi bemol maior, op. 97, “Renana” (1850)

Em março de 1850, Robert Schumann aceita o cargo de diretor municipal de música de Düsseldorf, para o qual tinha sido convidado anteriormente. Chega definitivamente à cidade no dia 2 de setembro. Ali é recebido com homenagens, apresentações de suas obras, um jantar formal e um baile. A mudança de Dresden para Düsseldorf marca a passagem de um compositor liberal, voltado para si mesmo, para o funcionário público, músico e figura política. Tal mudança, de caráter social e profissional, implica readequações estéticas. Os conhecidos heterônimos utilizados pelo compositor em sua juventude saem de cena, abrindo espaço para uma linguagem menos fragmentária e mais conciliadora, mais preocupada com o público e com a transmissão de valores políticos. Desse modo, Schumann explora uma linguagem mais homogênea, mais sóbria, não apenas centrada em dilemas existenciais, mas também envolvida com a realidade política, com uma ideia de nacionalismo alemão. Nesse contexto, a Terceira Sinfonia emerge como articulação entre subjetividade e objetividade, mundo interior e sociedade, deslumbramento e religião. Considerada por Tchaikovsky o ponto máximo da produção de Schumann, esta obra foi composta entre os dias 2 de novembro e 9 de dezembro de 1850. Atesta Wasielewski, regente da orquestra de Düsseldorf, que a Sinfonia nº 3 em Mi bemol maior é inspirada na catedral de Colônia, que o compositor visitou em setembro de 1850 e no início de novembro do mesmo ano, nesta última vez para a elevação do Arcebispo de Colônia ao título de Cardeal.

 

Leo Junior

Bacharel em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário UNA, graduado em Marketing pela Unopar e pós graduado em Marketing e Negócios Locais e com MBA em Marketing Estratégico Digital, é um apaixonado por futebol e comunicação além de ser Jornalista certificado pelo Ministério do Trabalho.

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