CulináriaGastronomia

Queijo Minas Artesanal: um patrimônio da humanidade

Em ação do Governo de Minas, imprensa brasileira irá conhecer as paisagens e as culturas das regiões reconhecidas do QMA.

Em celebração ao reconhecimento dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, anunciado nesta quarta-feira (4/12) em reunião realizada em Assunção, no Paraguai, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG), do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), irá receber cerca de 80 jornalistas e influenciadores de todo o Brasil para viverem uma imersão na cultura queijeira do estado. Divididos em cinco destinos, eles irão visitar, desta quinta-feira (5/12) a domingo (8/12) fazendas produtoras e outros atrativos turísticos importantes de todas as dez regiões reconhecidas do Queijo Minas Artesanal, para conhecerem suas paisagens, história, gastronomia e sobretudo a hospitalidade e cultura das pessoas que vivem em cada localidade.

A iniciativa faz parte de um calendário de ações estratégicas e descentralizadas em Belo Horizonte e no interior, que inclui espetáculos de drones em dez cidades e a apresentação, na Igrejinha da Pampulha, do maior queijo padrão do mundo. O objetivo é comemorar o reconhecimento como patrimônio e também sensibilizar um público do restante do país de que o Queijo Minas Artesanal é sobretudo um tesouro brasileiro, inclusive é o primeiro produto da cultura alimentar nacional incluído na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco. É uma conquista que representa a valorização dos saberes ancestrais e dos modos de vida tradicionais, e reflete em uma oportunidade de fortalecimento econômico e social para os produtores e suas comunidades, além de impulsionar o turismo sustentável e de experiência nas regiões produtoras do QMA.

“O reconhecimento dos Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco não é apenas uma vitória para Minas Gerais, mas para todo o Brasil. Este título eleva o nome do estado ao cenário mundial, destacando nossa rica cultura e tradição, além de abrir portas para novas oportunidades econômicas e turísticas. Hoje celebramos a valorização de séculos de saberes transmitidos de geração em geração, que traduzem a essência da mineiridade”, declarou o  secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas de Oliveira.

Minas Gerais conta com cerca de nove mil produtores de Queijo Minas Artesanal, gerando aproximadamente 50 mil empregos diretos e indiretos. A produção anual do QMA atinge cerca de 40 mil toneladas, com uma renda gerada que ultrapassa R$ 2 bilhões por ano.

 

Conheça as dez regiões produtoras do Queijo Minas Artesanal que integram os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal:

Araxá: Araxá, Campos Altos, Conquista, Ibiá, Pedrinópolis, Perdizes, Pratinha, Sacramento, Santa Juliana e Tapira.

A produção do queijo Minas Artesanal em Araxá foi trazida pelos portugueses na época da colonização e foi preservada em Minas Gerais ao longo dos anos. Cerca de 1 milhão de litros de leite são produzidos diariamente nesta região e 40% dela é destinada à produção queijeira. Trata-se de um queijo de massa compacta, casca firme, com untuosidade leve. Sensorialmente é um queijo de pouca acidez, mas sempre notada ao paladar. Pode apresentar aroma frutado ou floral quando maturado.

Campo das Vertentes: Barroso, Conceição da Barra de Minas, Coronel Xavier Chaves, Carrancas, Lagoa Dourada, Madre de Deus de Minas, Nazareno, Prados, Piedade do Rio Grande, Resende Costa, Ritápolis, Santa Cruz de Minas, São João del-Rei, São Tiago e Tiradentes

A região de Campos das Vertentes é ideal para a fabricação do queijo, com condições climáticas favoráveis e ambiente propício para o processo de maturação. Os queijos são de massa compacta, mas que podem apresentar olhaduras diversas. É um queijo de média acidez e quase sempre apresenta aroma vegetal. Entre os queijos minas artesanais é o que apresenta menor untuosidade.

Canastra: Bambuí, Delfinópolis, Medeiros, Piumhi, São Roque de Minas, Tapiraí e Vargem Bonita, São João Batista do Glória e Córrego Danta.

Talvez a região mais conhecida de QMA, tem produtos caracterizados por sua massa compacta, mas pode apresentar olhaduras por bactérias propiônicas, o que torna seu sabor adocicado quando presentes. Pelo modo de produção, apresenta baixa acidez, aroma floral ou frutado. A untuosidade é sempre presente quando maturado. A região da Serra da Canastra tem cerca de 800 produtores artesanais da famosa iguaria, espalhados por nove municípios. Juntos, eles produzem mais de 4 mil toneladas de queijo por ano.

Cerrado: Abadia dos Dourados, Arapuá, Carmo do Paranaíba, Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia, Lagamar, Lagoa Formosa, Matutina, Patos de Minas, Patrocínio, Presidente Olegário, Rio Paranaíba, Santa Rosa da Serra, São Gonçalo do Abaeté, São Gotardo, Serra do Salitre, Tiros, Varjão de Minas e Vazante.

No Cerrado Mineiro, os solos férteis e o clima típico da região proporcionam um terroir único para a produção de um saboroso queijo artesanal de leite cru, com muita tradição e fidelidade à forma como os primeiros exemplares eram feitos. Pela baixa umidade relativa do ar comum na região, o Queijo do Cerrado apresenta a massa mais firme, de friável a compacta, com a casca pouco untuosa. Apresenta baixa acidez e quando maturado traz um aroma bastante frutado.

Serro: Rio Vermelho, Serra Azul de Minas, Santo Antônio do Itambé, Serro, Materlândia, Sabinópolis, Alvorada de Minas, Dom Joaquim, Conceição do Mato Dentro e Coluna e Paulistas.

Em torno da Serra do Espinhaço, a influência de bactérias no solo confere aos queijos do Serro um sabor muito característico e apreciado. A receita do queijo do Serro teria sido trazida para o Brasil no século XVIII por portugueses que aplicaram aqui o modo açoriano de fazer queijos. Em Minas, a técnica foi adaptada à realidade da região. Em função do seu terroir mais úmido e seu modo de produção, é um queijo de acidez sempre percebida. Seu interior é macio, mas a casca é firme quando maturado. O aroma que predomina é o floral, mas quando é frutado a tendência é que seja mais cítrico. É comum apresentar olhaduras internas.

Triângulo Mineiro: Araguari, Cascalho Rico, Estrela do Sul, Indianópolis, Monte Alegre de Minas, Monte Carmelo, Nova Ponte, Romaria, Tupaciguara e Uberlândia

A fertilidade do solo e abundância de água de boa qualidade são características da região do Triângulo Mineiro que influenciam na produção de um queijo artesanal de muita qualidade. É um queijo de massa compacta, mas às vezes pode ser friável. Tem moderada acidez tanto no paladar quanto no aroma. O que predomina é a sensação vegetal ao consumir. Quando maturado a casca é firme e ligeiramente untuosa.

Serras da Ibitipoca: Andrelândia, Arantina, Bias Fortes, Bom Jardim de Minas, Lima Duarte, Olaria, Passa-Vinte, Pedro Teixeira, Rio Preto, Santa Bárbara do Monte Verde, Santa Rita de Ibitipoca, Santa Rita de Jacutinga, Santana do Garambéu, Seritinga e Serranos

O sabor dos queijos de Serras da Ibitipoca é influenciado pela altitude, pastagens, água de boa qualidade e pelo clima serrano da região. É um queijo de menor expressão aromática, tem a massa firme, mas com presença de olhaduras. A baixa untuosidade é quase sempre percebida. Apresenta leve acidez.

Diamantina: Couto de Magalhães de Minas, Diamantina, Felício dos Santos, Gouveia, Monjolos, Presidente Kubitschek, São Gonçalo do Rio Preto, Senador Modestino Gonçalves

A produção de queijos artesanais em Diamantina e região teve sua origem há mais de 200 anos. Um de seus maiores diferenciais é a altitude dos nove municípios que a compõem, e que varia de 800 metros a 1420m, no alto da serra do Espinhaço. O resultado é um queijo de média acidez, massa friável, podendo apresentar olhaduras. A casca é firme, mas não espessa. Percebe-se aroma floral distante quando maturado. Sabor quase sempre suave.

Entre Serras da Piedade ao Caraça: Barão de Cocais, Bom Jesus do Amparo, Caeté, Catas Altas, Rio Piracicaba, Santa Bárbara

A história da produção de queijos na região está atrelada à mineração, desde a época do Ciclo do Ouro, quando os queijos eram feitos, primeiramente como forma de conservação do leite, antes de ter reconhecido seu valor enquanto iguaria. Por conta da altitude, umidade e clima, a microbiota da região é única e reflete em um pingo de boa qualidade que produz queijos com sabores e texturas muito apreciados. É um queijo quase sempre com bastante olhaduras, apresenta acidez bem expressiva, casca pouco untuosa. O aroma às vezes é bastante vegetal, tendendo para um floral quando a maturação é completa.

Serra do Salitre: Serra do Salitre

O queijo produzido na Serra do Salitre tem sabor suave e é cremoso. Por conta dos fatores ambientais e a microbiota da região, os exemplares de lá têm um sabor único, com características diferentes de outras regiões. Queijo de massa compacta, de baixa acidez e aromas frutados quando bem maturado. Se consumido em média maturação apresenta-se quase sempre suave na boca.

 

Paulo Gomes

Jornalista certificado pelo Ministério do Trabalho | Repórter | Cronista Esportivo | Profissional do Direito | correspondente Bancário.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo