Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar 704 mil novos casos de câncer por ano até 2025. Em todo o mundo, a doença chegou a atingir mais de 20 milhões de pessoas apenas em de 2022, de acordo com relatório da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC). A publicação afirma ainda que cerca de uma a cada cinco pessoas desenvolve câncer durante a vida. Minas Gerais é o segundo estado do Brasil com mais diagnósticos de neoplasias. De acordo com o INCA, entre 2023 e 2025, o estado deve registrar 78.100 novos casos, o que corresponde a mais de 234 mil ocorrências até 2025.
Neste 27 de novembro, celebra-se o Dia Nacional do Combate ao Câncer, data voltada para a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce. Na opinião do cirurgião oncológico da Hapvida NotreDame Intermédica, Fabrício Colacino, a ocasião é vital para que as pessoas entendam que a desinformação sobre a doença pode ser mortal.
Fabrício Colacino explica que debater sobre essa enfermidade é entender que ela continua crescendo exponencialmente e que, infelizmente, “todas as famílias do mundo serão assoladas por, pelo menos, um diagnóstico de câncer”, independente de barreiras sociais, éticas e econômicas. Na paralela, a Organização Pan-Americana de Saúde alerta que entre 30% e 50% dos cânceres podem ser prevenidos. “Por esses motivos a conscientização vem justamente para mostrar que a detecção precoce e os tratamentos oncológicos fazem toda a diferença”, destaca o médico.
Sobre o papel do oncologista, Fabrício lembra da indispensável parceria com toda a equipe responsável por garantir o sucesso do tratamento de cada paciente. Enfermeiros, técnicos, farmacêuticos, recepção, psicólogos e fisioterapeutas são peças chaves de um cuidado completo e personalizado. Ele reitera que o médico oncologista, assim como toda a equipe, deve passar muita confiança para o paciente a fim de oferecer acolhimento e compreender qual processo terapêutico é ideal para aquele indivíduo.
“O tratamento oncológico é, na maioria das vezes, multimodal, ou seja, envolve diferentes abordagens terapêuticas combinadas. Em cerca de 90% dos casos, utilizamos as três principais modalidades: a clínica, por meio de medicamentos como quimioterápicos e imunoterápicos; a cirúrgica, que pode incluir desde procedimentos menores, como biópsias ou instalação de dispositivos como o port-a-cath, até cirurgias de grande porte; e a radioterapia, que é frequentemente integrada ao protocolo”, detalha o cirurgião oncológico.
Para a escolha do tratamento ideal, a equipe oncológica analisa fatores intrínsecos ao tipo e estágio da doença, além, é claro, das individualidades de cada paciente. O oncologista clínico desempenha um papel central nesse processo, elaborando o plano de tratamento que articula as modalidades de forma personalizada e eficaz para cada paciente. “A gente nem chama de personalização. Na verdade, nós entendemos que todo paciente é o amor de alguém. O importante é que nos atentemos à característica de cada um e nas condições que ele tem em casa, onde grande parte do tratamento é realizada. No caso de idosos, por exemplo, observamos se há alguém que possa orientá-lo e auxiliar com medicações”, completa Fabrício.
No contexto da customização do tratamento clínico, uma ferramenta importante para a adesão de medicamentos e bem-estar dos pacientes oncológicos é o uso de soluções adaptadas e personalizadas. Isto é, a manipulação de remédios e suplementos pensados unicamente para o câncer pode ser uma grande aliada para a redução dos principais efeitos colaterais na recuperação do organismo. Para o farmacêutico e coordenador do Núcleo de Pesquisa e Inovação do Grupo Farmácia Artesanal, Mario Abatemarco, muitas são as opções para inovar as prescrições e tornar os tratamentos mais confortáveis.
A título de exemplo, a Farmácia Artesanal está desenvolvendo um material científico exclusivo para apoiar médicos no tratamento oncológico, reunindo várias sugestões de fórmulas para amenizar os principais sintomas decorrentes da terapia contra o câncer. “Esse material abordará soluções para aliviar náuseas, tratar mucosites, fortalecer a imunidade e melhorar a qualidade do sono dos pacientes, proporcionando aos médicos um conjunto de sugestões de fórmulas para otimizar o cuidado e o bem-estar dos pacientes em tratamento oncológico”, afirma Abatemarco.
Pessoas que passam pela radioterapia podem ter desconfortos, como irritações na pele ou inflamações na boca. Pensando além dos medicamentos convencionais, a manipulação farmacêutica oferece alternativas que ajudam a lidar com esses efeitos. Cremes específicos para tratar a pele lesionada e enxaguantes bucais com cúrcuma, por exemplo, são soluções que aliviam a mucosite e trazem mais conforto durante o tratamento oncológico. Outro ponto relevante é a crescente demanda por produtos que utilizam ingredientes naturais ou fitoterápicos, integrando alternativas complementares ao tratamento tradicional.
Nessa linha, o farmacêutico destaca ainda a importância da conscientização sobre suplementos que podem ser contraindicados para pacientes que estão lutando contra o câncer. Mário explica que a avaliação individual do médico é muito importante para a liberação, ou não, do uso de certos suplementos, como a ‘glutamina’, amplamente utilizada por homens praticantes de atividade física. “Cada caso é um caso e os efeitos usualmente variam com o estágio da doença. Mas, a glutamina, por exemplo, pode ser utilizada como fonte de energia pelas células tumorais. Tumores de crescimento rápido, especialmente aqueles com alta demanda metabólica, podem utilizar a glutamina como fonte de energia para sustentar seu desenvolvimento. Por esse motivo, o uso de glutamina é contraindicado para pacientes com esse perfil de tumor“, completa Abatemarco.