
Neste mês em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho, é importante destacar que o compromisso com a sustentabilidade já é uma realidade para mais da metade das empresas brasileiras, segundo o novo Panorama da Sustentabilidade Corporativa 2025, produzido pela Amcham Brasil em parceria com a Humanizadas. O estudo mostra que 52% das empresas no país estão engajadas de forma concreta com práticas sustentáveis, um salto importante em comparação aos 41% registrados no ano anterior.
De acordo com a Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC), quase 50% das construtoras já consideram critérios ambientais como fator determinante em seus projetos. Organizações como a Emccamp Residencial e a Ampla Urbanismo, empresa especializada em projetos de loteamento e desenvolvimento urbano do Grupo EPO, mostram que é possível aliar inovação, rentabilidade e impacto positivo, contribuindo de forma concreta com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente os ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) e 12 (Consumo e Produção Responsáveis).
Compromisso ambiental que começa na fundação
Com quase 50 anos de história, a Emccamp Residencial vem ampliando sua atuação ambiental em todos os níveis da operação. Em 2024, a empresa realizou o plantio de 23 mil árvores nativas, entre ações compensatórias e de paisagismo, como parte da política de contribuição ativa com a biodiversidade local.
Para Rodrigo do Nascimento, coordenador de meio ambiente da Emccamp, o compromisso com o meio ambiente faz parte da identidade da companhia. “A sustentabilidade não está apenas em nossos canteiros de obras, mas se estende à forma como planejamos nossos produtos, gerimos recursos e lidamos com a comunidade e o entorno. O que fazemos hoje, com responsabilidade, garante qualidade de vida e respeito ambiental para as próximas gerações.”
Entre as ações mais recentes está a substituição total da frota para uso exclusivo de etanol, o que resultou em uma redução mensal de quase 10 toneladas de CO₂. A Emccamp também adotou o conceito paperless, eliminando a impressão de projetos e utilizando soluções digitais para reduzir o uso de papel, além de investir em energia solar como projeto-piloto no residencial Árbor Atlântica, em São Paulo.
Estações de tratamento de esgoto próprias (ETE) foram implantadas pela empresa em locais sem rede pública. Também foram adotados sistemas de reaproveitamento de água que recolhem a água de pias para uso em mictórios, entre outras iniciativas.
“Nosso objetivo é que cada empreendimento seja um organismo que interaja positivamente com o meio ambiente. Isso envolve reuso de recursos, eficiência energética e, principalmente, a formação de consciência ambiental entre nossos colaboradores e clientes”, reforça Rodrigo do Nascimento.
As mudanças também são vistas na engenharia aplicada. Em 2024, todas as obras passaram a utilizar tubulações em PEAD (Polietileno de Alta Densidade) para o sistema de drenagem, material que oferece maior durabilidade e menor impacto ambiental. Também no empreendimento Árbor Atlântica, por exemplo, a empresa incorporou critérios do Selo Azul da Caixa, com hortas comunitárias, áreas permeáveis, sistemas de captação de água da chuva e espaços para coleta seletiva.
Rodrigo Nascimento acredita que “a inovação tecnológica, quando aliada ao propósito sustentável, transforma não apenas a forma como construímos, mas o legado que deixamos para a cidade.”
Urbanismo sustentável e proteção à biodiversidade
Na visão da gerente de meio ambiente do Grupo EPO, Juliana Santos, a sustentabilidade também vai além de certificações: ela deve ser pensada desde o planejamento urbano até a convivência nos empreendimentos. Por meio da Ampla Urbanismo, a empresa tem atuado com foco na conservação da biodiversidade, com a proteção de espécies nativas, corredores ecológicos e Áreas de Preservação Permanente integradas aos projetos imobiliários.
“Para além da obra finalizada e produtos imobiliários, buscamos oferecer um modelo de urbanização que valoriza a paisagem, protege os recursos naturais e fortalece o senso de pertencimento com a natureza, o que é essencial em um planejamento nos dias atuais. A promoção de uma vida mais conectada ao meio ambiente, por vezes, exige a restauração de ambientes naturais para possibilitar a integração entre cidade, arquitetura e natureza de maneira fluida”, destaca.
Entre as iniciativas, em destaque está a proteção de habitats naturais por meio da manutenção de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e áreas verdes integradas aos projetos, como nos empreendimentos Jardim da Serra e Oásis da Serra, ambos em Sete Lagoas (MG), e no Quintas de Cachoeira, entre Cachoeira do Campo e Glaura, na região de Ouro Preto.
A recuperação da Lagoa da Chácara, em Sete Lagoas, também é um projeto emblemático. O corpo d’água, que estava seco há mais de 40 anos, teve sua lâmina d’água restaurada por meio da escavação do leito e da construção de uma rede de drenagem que agora permite o escoamento gradual da água para o córrego do Diogo, reduzindo riscos de alagamento e reconstituindo o ecossistema local.
O projeto também prevê a preservação da mata adjacente à lagoa e aos cursos d’água presentes no terreno.
Outro destaque é o monitoramento de fauna em áreas de atuação, como no Quintas de Cachoeira. “Este acompanhamento é essencial para garantir que nosso progresso caminhe lado a lado com a preservação ambiental. Em áreas como o Quintas de Cachoeira, essa prática não só amplia o conhecimento sobre a biodiversidade local, mas também orienta a execução de nossas obras de forma mais responsável e sustentável,” destaca Juliana.
O tratamento adequado de resíduos e efluentes está presente em todas as obras do grupo. O empreendimento Jardim da Serra, por exemplo, conta com estrutura de coleta e destinação correta dos rejeitos das frentes de trabalho.
O compromisso com a educação ambiental também é uma diretriz forte: campanhas e ações formativas são promovidas regularmente, tanto com colaboradores e prestadores de serviço quanto com a população do entorno dos empreendimentos. O objetivo é fomentar a conscientização ambiental e fortalecer o vínculo entre desenvolvimento urbano e responsabilidade ecológica.
“Cuidar da biodiversidade é cuidar do futuro. Cada região tem suas particularidades ambientais, e é nosso dever respeitá-las com projetos que valorizem o equilíbrio ecológico”, afirma Juliana. Segundo ela, o Grupo EPO atua com consciência para que as obras deixem como legado não apenas infraestrutura, mas também respeito à vida.
Um legado para o futuro urbano
Para Alexandre Nagazawa, arquiteto urbanista e diretor da Bloc Arquitetura Imobiliária, o setor da construção civil tem se mostrado um campo fértil para inovações que reduzem a pegada ambiental. “O uso de tecnologias como concreto com adições de resíduos reciclados, telhados verdes e sistemas de automação para eficiência energética são exemplos de soluções que vêm ganhando espaço”, explica Nagazawa. “Essas práticas contribuem diretamente para a redução da emissão de CO₂. e estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente os ODS 13 (Ação contra a mudança global do clima) e 9 (Indústria, inovação e infraestrutura). Iniciativas como o uso de BIM (Modelação da Informação da Construção) e inteligência artificial no planejamento de obras também otimizam recursos e evitam desperdícios, conectando tecnologia e responsabilidade ambiental”.
Nagazawa ressalta que o mercado imobiliário precisa ir além do estabelecido por normas. “A urgência climática exige uma postura propositiva: é preciso devolver mais à sociedade e ao meio ambiente, por meio de projetos que, com criatividade e bom design, contribuam positivamente para a paisagem, a vida comunitária e a saúde ambiental dos territórios”, afirma o arquiteto.
O especialista ainda enfatiza que as empresas devem abraçar o compromisso de deixar um legado que transcende a edificação em si. “Ao pensarem no entorno e na coletividade, as empresas assumem um legado de equilíbrio entre crescimento econômico, bem-estar social e preservação ambiental. Cada empreendimento deve ser pensado como um agente transformador, capaz de atuar em rede para gerar impactos positivos duradouros na vida das comunidades e no meio ambiente. Afinal, cada projeto molda a paisagem e influencia o território por décadas — às vezes, por séculos. A responsabilidade com as gerações futuras deve, portanto, orientar toda decisão de projeto, com uma visão generosa, comprometida e de longo prazo.”