Blog - Felipe Jesus

Setcemg alerta que sem frete “justo” não há como manter a sustentabilidade do setor

Além da pressão dos embarcadores, defasagem no valor do frete aumentou para 15,3% de acordo com última sondagem do DECOPE-NTC

Em meio ao mercado extremamente competitivo, as empresas de transporte de cargas enfrentam um grande desafio que, inclusive, ameaça a sustentabilidade do setor: o frete. O alerta é do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg).

A última sondagem feita pelo Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Técnicas e Econômicas (DECOPE) da NTC&Logística revelou que a defasagem no valor do frete aumentou no TRC, alcançando 15,3%, sendo 12,6% no transporte de carga fracionada (no qual as cargas de vários clientes são compartilhadas no mesmo veículo) e de 17% na carga lotação (a carga de um único embarcador ocupa toda a capacidade do veículo).

Para o presidente do Setcemg, Antonio Luis da Silva Junior, este cenário traduz bem como está o mercado de transporte rodoviário brasileiro. Ele ressalta que, mesmo com a estabilidade dos preços dos insumos nos primeiros seis meses do ano, o acumulado ainda não foi recuperado. Ele cita como exemplo o diesel, que acumula uma alta de 18,2% em média nos últimos 12 meses; já os preços dos veículos acumulam um aumento de 76,5% nos últimos 36 meses.

“Nosso setor vive momentos complicados: pressão constante para a redução de fretes por parte dos embarcadores, crescente aumento dos custos diretos, prazos excessivos e investimentos cada dia maiores e mais caros”, enfatiza o presidente do sindicato, Antonio Luis da Silva Junior.

De acordo com o presidente, o setor também lida com outros complicadores. “Temos, ainda, a inclusão de vários custos e exigências que não compunham nossas planilhas de custo, além de uma concorrência desesperada por faturamento e sustentação de vaidades, que dão força e tranquilidade aos negociadores de fretes. A consequência é o desgaste e o enfraquecimento de nosso setor”, afirma.

Ele lembra também que as empresas de transporte de cargas, importantes para a economia e o desenvolvimento do país, ficam expostas a outros fatores que impactam, diretamente, os custos operacionais das empresas, como a oscilação dos preços dos combustíveis, pedágios, manutenção de veículos e salários dos motoristas. “Então, estabelecer uma tarifa de frete justa que cubra esses custos e, ao mesmo tempo, seja atraente para os clientes, é uma tarefa árdua.”

A necessidade da prática de preços justos e competitivos, aliada à necessidade de cobrir os custos operacionais e garantir a sustentabilidade do negócio, forma um delicado equilíbrio que muitos gestores se esforçam para manter, de acordo com o presidente do Setcemg.

“Transporte é custo, principalmente nos produtos de baixo valor agregado, e a transportadora que não se preocupar em ser competitiva nos custos e na qualidade, precificando corretamente o serviço e considerando todas as variáveis e fatores que afetam sua produtividade, não sobreviverá, e levará com ela as empresas que disputam clientes ou faturamento sem praticar seus custos reais”, ressalta.

O presidente do Setcemg reforça que a própria história vivenciada pelo setor confirma que, sem resultados e sem um cuidado permanente com os custos, as empresas padecem, independentemente do tamanho que alcançaram. “São várias as transportadoras que desapareceram nos últimos 20 anos, e garanto que todos nós temos alguma como exemplo do que não devemos fazer”, afirma.

Para evitar o fechamento das empresas do mercado, segundo o dirigente, é importante a união. “Sozinhos não conseguiremos. Temos de criar parcerias e uma concorrência construtiva, nivelada por cima e forte. Só assim teremos argumentos para discutir de igual para igual com nossos contratantes e cobrar fretes condizentes com o serviço que prestamos”.

O presidente do Setcemg reforça que a sindicalização, o associativismo e as câmaras setoriais são apenas alguns dos caminhos para a profissionalização, para a capacitação em formar preços justos e planejar sua empresa para o futuro. Além disso, possibilitam a troca de informações e ideias e, principalmente, com quem está obtendo bons resultados.

Leo Junior

Bacharel em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário UNA, graduado em Marketing pela Unopar e pós graduado em Marketing e Negócios Locais e com MBA em Marketing Estratégico Digital, é um apaixonado por futebol e comunicação além de ser Jornalista certificado pelo Ministério do Trabalho.

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