Real figura no ranking das 10 moedas que mais perderam valor frente ao dólar em 2024. Entenda os fatores
Economista e docente dos cursos de Gestão do Centro Universitário UniBH, Fernando Sette Jr. discute as razões que culminaram no atual momento econômico do país

De acordo com o último levantamento feito pela agência classificadora de risco Austin Rating, com base em dados do Banco Central do Brasil (BC), o real ocupa a 7ª posição entre as moedas que mais se desvalorizaram frente ao dólar. Num ranking composto por 118 países, a moeda brasileira subiu duas posições entre as que mais caíram, após acumular uma queda de 9,5% no ano até o fechamento dos mercados nesta semana.
Fatores como a instabilidade política e econômica interna, que tem tem um impacto direto na confiança dos investidores; a alta inflação e as diretrizes da política monetária; desequilíbrio nas contas externas e outras questões que vêm de fora, num cenário internacional adverso, são alguns dos motivos que provocam situações como esta, como explica o economista e professor dos cursos de Gestão no Centro Universitário UniBH, Fernando Sette Jr:
“Movimentações como esta, apontada pelo ranking, nunca vêm provocadas por um único viés. O Brasil conta com demandas econômicas antigas que ainda precisam ser solucionadas, e somam-se a novas dificuldades que partem de dentro e fora do próprio país”, destaca. À frente do Brasil no ranking, moedas como o peso argentino, que enfrenta uma crise econômica crescente, e as de países como Nigéria, Sudão do Sul e Egito, com histórico de conflitos civis, também compõem o top 10, conforme levantamento foi feito pela agência.
O dólar, por sua vez – um outro polo desta comparação -, passa agora por um bom momento diante de outros países. As mudanças de sinalizações do governo norte-americano sobre a condução dos juros nos Estados Unidos colaboraram para esse fortalecimento, uma vez que acabou postergando o início do ciclo de cortes de juros pela instituição e, consequentemente, aumentou a discrepância em relação ao real. A queda dos juros nos Estados Unidos ajuda a valorizar a moeda brasileira frente ao dólar.
Diante desse panorama, o especialista destaca que possíveis mudanças de status do Brasil neste panorama, dependerão crucialmente de ajustes internos: “A recuperação da moeda brasileira dependerá de uma série de medidas coordenadas, incluindo a estabilidade política, controle da inflação, ajustes nas contas externas e uma política monetária que inspire confiança nos investidores. Esta é uma perspectiva de longo prazo, mas eficaz quando avalia-se que as outras potências também estão movimentando-se em suas políticas locais”, conclui.