
O Núcleo de Estudos Econômicos da Fecomércio MG realizou uma análise da variação do Produto Interno Bruto (PIB) com base nos dados das Contas Nacionais Trimestrais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados referem-se ao quarto trimestre de 2024.
No quarto trimestre de 2024, na comparação com o terceiro trimestre do ano, a economia brasileira cresceu 0,2%. Já em comparação com o mesmo período do ano passado, o PIB cresceu 3,6%. Nos quatro trimestres do ano, o PIB brasileiro cresceu 3,4% em relação ao mesmo período de 2023.
O crescimento registrado entre outubro, novembro e dezembro no Brasil, foi influenciado, principalmente, pelo setor da indústria, que obteve uma alta de 0,3% no trimestre. O setor de serviços também se destaca, com uma alta de 0,1% no período. O setor agropecuário foi o único que recuou (-2,3%), influenciado principalmente pelos eventos climáticos extremos dos últimos meses.
Em comparação com o ano passado, houve uma queda de 1,5% na agropecuária e um crescimento de 2,5% na indústria e de 3,4% nos serviços. Os resultados divulgados pelo IBGE foram mais fortes do que o observado em 2023, quando a atividade do país cresceu 3,2%. Apesar de estar próximo ao que estava sendo projetado por diferentes economistas e instituições de pesquisa, a taxa de crescimento do PIB, acumulada nos quatro trimestres de 2024, apresentou um resultado inferior ao que era estimado, apresentando uma desaceleração da economia no último trimestre do ano.
O setor de serviços, que engloba comércio, intermediação financeira e serviços públicos, teve expansão de 0,1% no quarto trimestre do ano contra o trimestre imediatamente anterior. Transporte, armazenagem e correio (0,4%), comércio (0,3%) e atividades imobiliárias (0,1%) foram os subsetores que mais se destacaram nesta ótica de comparação.
No acumulado do ano (em relação ao mesmo período do ano anterior), o setor de serviços acumulou uma alta de 3,7%, sendo influenciado principalmente pelo crescimento dos subsetores de informação e comunicação (6,2%), outras atividades de serviços (5,6%) e comércio (3,8%).
A indústria cresceu 0,3% no quarto trimestre de 2024, em comparação ao terceiro. Três dos quatro subsetores do setor apresentaram um crescimento nesta base de comparação, com exceção das indústrias de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos que apresentou uma retração de 1,2% frente ao trimestre anterior. No acumulado do ano, o setor apresenta um crescimento de 3,3%, sendo influenciado principalmente pela construção (4,3%).
No quarto trimestre de 2024, na comparação com o trimestre anterior, o setor da agropecuária apresentou uma retração de -2,3%. A taxa trimestral (em relação ao mesmo período do ano anterior), apresentou um resultado de -1,5%. No ano (em relação ao mesmo período do ano anterior) a retração é ainda mais expressiva, atingindo -3,2%.
No quarto trimestre de 2024, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, o consumo das famílias apresentou uma queda de -1,0%. Em comparação ao quarto trimestre de 2023, houve alta de 3,7%. Ao longo do ano, o consumo das famílias acumulou uma taxa de 4,8%.
As despesas de consumo da administração pública apresentaram um crescimento de 0,6% no quarto trimestre do ano, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a alta é de 1,2%.
Gabriela Martins, economista da Fecomércio MG, destaca que o resultado do PIB, acumulado em quatro trimestres, foi muito positivo apesar da desaceleração do quarto trimestre do ano. “O ano de 2024 foi marcado por um mercado de trabalho aquecido o que gera, consequentemente, um aumento do emprego e da renda. Acrescido a isso, as transferências do governo e os meios de crédito também foram fatores fundamentais para impulsionar a economia, por meio do consumo das famílias. Entretanto, os juros altos aplicados nos últimos meses do ano e a inflação de alimentos (que compromete boa parte da renda das famílias, principalmente das mais pobres) são fatores que contrapõe as influências positivas da economia, o que gerou essa desaceleração no último trimestre de 2024 e poderá influir diretamente nos resultados do crescimento da economia brasileira durante o ano de 2025”, explica Martins.
Por sua vez, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas, construção civil e pesquisas) apresentou um aumento de 0,4% no quarto trimestre do ano, frente ao trimestre imediatamente anterior. No ano, a taxa acumulada é de 7,3%.