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One Health: entenda o conceito de Saúde Única e os desafios em torno da sua efetivação 

Modelo que prevê a construção de um sistema integrado e abrangente à interação entre todos os seres vivos ainda encontra dificuldades em aplicabilidade e oferta de serviços

 

Nos últimos anos, o termo One Health vem ganhando espaço cada vez maior dentro das discussões científicas que tratam de questões ligadas à saúde. No português, a Saúde Única representa uma visão integrada, que considera a indissociabilidade entre saúde humana, saúde animal e saúde ambiental.
 

O conceito foi proposto por organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), reconhecendo que existe um vínculo muito estreito entre o ambiente, as doenças em animais e a saúde humana. Mas quais seriam os desafios em promover uma oferta de saúde que contemple todos esses eixos?
 

O principal deles, de acordo com o Médico da Família e Comunidade, diretor regional da Inspirali e professor do curso de Medicina do UniBH, Dr. Nathan Souza ainda envolve uma capacitação ampla que considere todos os valores componentes desse conceito: “Quando pensamos em Saúde Única, referimo-nos à formação de profissionais de diversos eixos além da medicina humana – como enfermagem, biologia, medicina veterinária, farmácia, engenharia ambiental, segurança alimentar, entre outros. Para que esse conceito venha da graduação, passe por uma extensão e desague na oferta de serviços, toda essa gama de profissões precisa estar devidamente capacitada para prover os elementos imprescindíveis a uma saúde planetária”, conta.
 

Tendo em vista que as ameaças à saúde são impulsionadas por fatores como expansão populacional, urbanização, comércio, transporte, modelos insustentáveis de produção e consumo, mudança no uso da terra, mudanças climáticas, intensificação dos sistemas alimentares e perda de biodiversidade e habitat, a Saúde Única tem como premissa a transdisciplinaridade e a intersetorialidade, conforme prevê o Ministério da Saúde. Assim, todas as atuações profissionais e setores públicos, privados e terceiro setor que possuem relação com a saúde humana, animal, vegetal e/ou ambiental, podem se inserir na abordagem, seja no nível local, regional, nacional ou mundial.
 

Atualmente, cerca de 60% das doenças humanas têm em seu ciclo a participação de animais, portanto, são zoonóticas, assim como 70% das doenças emergentes e reemergentes. Desta forma, um modelo amplo de entendimento da saúde define políticas, legislação, pesquisa e implementação de programas em que múltiplos setores se comunicam e trabalham em conjunto nas ações para a diminuição de riscos e manutenção da saúde. Essa integração pode contribuir para a eficácia das ações em Saúde Pública, com redução dos riscos para a saúde global.
 

Ao atuar na implementação de respostas conjuntas aos problemas de saúde, a abordagem possibilita aprimorar ações integradas que, entre outros vieses, contribuem coletivamente para: vigilância, prevenção e controle de zoonoses e doenças tropicais negligenciadas e doenças transmitidas por vetores; qualificação da prevenção, preparação e resposta frente a epidemias e pandemias; promoção da segurança alimentar e transformação dos sistemas agroalimentares; controle de contaminantes químicos, biológicos e físicos; proteção da biodiversidade e melhoria do gerenciamento dos ecossistemas; enfrentamento e adaptação às mudanças climáticas.
 

Nathan conta que, na saúde pública, já existe um sistema integrado que prevê o trabalho multisetorial para prevenção, investigação e combate a doenças. Na saúde privada, isso ainda é algo a ser incorporado: “Existe na atenção primária à saúde o controle de zoonose já integrado dentro de uma mesma unidade básica de saúde com a equipe de saúde da família, no SUS. No sistema suplementar, ainda não há um modelo que prevê essa interação com o controle ambiental, vigilância ambiental e vigilância de saúde animal, interligando as áreas na prestação do serviço”.
 

Para além dos desafios de gestão, integração e oferta, o professor ainda destaca outro importante fator, que muito tem a ver com os reflexos culturais da forma como a saúde é observada: “A conscientização da saúde planetária ainda é um conceito a ser compreendido pela sociedade. Trata-se de um nível de consciência expandido acerca da interdependência entre os fatores que mantém a vida no planeta Terra. Isso é um trabalho de que precisa ser feito a curto e longo prazo, em crianças, jovens, adultos, em profissionais, em empresas e ONGs”, conclui.

Leo Junior

Bacharel em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário UNA, graduado em Marketing pela Unopar e pós graduado em Marketing e Negócios Locais e com MBA em Marketing Estratégico Digital, é um apaixonado por futebol e comunicação além de ser Jornalista certificado pelo Ministério do Trabalho.

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