Maio Roxo: Atraso no diagnóstico agrava doenças inflamatórias intestinais
Especialistas alertam que demora na identificação de sintomas pode levar a complicações graves e impactar a qualidade de vida dos pacientes

As doenças inflamatórias intestinais (DIIs), como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, afetam milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, estima-se que cerca de 100 pessoas a cada 100 mil habitantes sejam diagnosticadas com essas condições. No entanto, a demora no diagnóstico pode levar a complicações sérias, como estenose, fístulas e até câncer intestinal.
Durante o Maio Roxo, mês dedicado à conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), médicos e instituições de saúde reforçam a importância do diagnóstico precoce como forma de reduzir o impacto dessas enfermidades na vida dos pacientes. Campanhas como essa têm ganhado força no país, promovendo educação em saúde e quebrando o estigma associado à Doença de Crohn e à Retocolite Ulcerativa.
“Precisamos falar sobre essas doenças com mais naturalidade e responsabilidade. A população precisa conhecer os sintomas — como dor abdominal persistente, diarreia com sangue, perda de peso e fadiga — e procurar atendimento especializado ao primeiro sinal de alerta para evitar o agravamento da doença”, afirma a gastrohepatologista Érica Godinho Menezes, docente do curso de Medicina do Centro Universitário UniBH.
Ela destaca que o cenário é preocupante porque, quanto maior o tempo entre os primeiros sintomas e o início do tratamento, maior o risco de complicações clínicas. “O diagnóstico precoce é essencial para minimizar os danos provocados pelas inflamações intestinais crônicas. Quanto mais cedo conseguimos intervir, menores são as chances de complicações, como estenoses, abscessos, fístulas e até a necessidade de cirurgias invasivas”, destaca.
De acordo com a Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD), 41% dos pacientes levam mais de um ano para receber o diagnóstico correto e 20% aguardam mais de três anos, enfrentando sintomas debilitantes e sem respostas efetivas ao tratamento inadequado. “É comum que os sintomas sejam inicialmente confundidos com problemas menos graves, como síndrome do intestino irritável ou infecções alimentares, o que prolonga a jornada até o diagnóstico definitivo”, complementa a médica. Essa dificuldade na identificação dos sinais clínicos retarda o encaminhamento ao especialista, contribuindo para um impacto profundo na saúde física e mental dos pacientes.
Além das consequências físicas, as DIIs trazem efeitos colaterais significativos sobre o bem-estar psicológico e social dos pacientes. Muitos relatam sentimentos de vergonha, ansiedade e depressão devido à incerteza sobre o futuro e às limitações impostas pela doença. “Pacientes com DII frequentemente enfrentam desafios no ambiente de trabalho, nos estudos e até na vida afetiva, o que exige um acompanhamento multidisciplinar que vá além da medicina tradicional”, defende a Dra. Érica. Ela reforça a importância do suporte psicológico, nutricional e social no cuidado com esses indivíduos. “É preciso tratar a doença, mas também cuidar do paciente como um todo. Informação e acesso são as chaves para transformar essa realidade”, conclui.