
No dia 14 de fevereiro, sexta-feira, o single “Kelelê” ganha as plataformas digitais.
A Canção “Kelelê”, em ritmo dançante, remete à beleza e à energia de culturas de matriz africana. Muito balanço afro-caribenho com palavras em língua africana kikongo, quimbundo e em português.
Este trabalho é uma das faixas de álbum que envolve relações entre Brasil e Itália. É assim, o single que o Trio Migrazioni, fruto da união de dois músicos brasileiros e um italiano. O trio é formado pelo cantor Toni Júlio, mineiro de João Monlevade (na Região Central de MG), Kal dos Santos (percussão), de Salvador (BA) e por Davide Perduca (violão), de Milão, cidade onde vivem todos os três artistas.
A nova música estará disponível em mais de 100 plataformas de streaming, entre elas Spotify, Deezer, Itunes e Youtube Music.
O lançamento do single é parte do projeto “Migrações/Migrazioni“, idealizado no ano passado por Toni Júlio e seu conterrâneo Wir Caetano, compositor-letrista, conhecido como poeta na cena literária. Os dois são autores da letra de “Kelelê” em português, parceria com o músico africano Donat Munzila, que é da República Democrática do Congo e imigrante na Itália há décadas.
MIGRAÇÕES/ MIGRAZIONI
Culturas que migram
O projeto Migrações/Migrazioni tem por objetivo divulgar a produção musical de seus integrantes no Brasil e na Europa, valorizando culturas de matriz africana, tecidas ao longo de experiências migratórias forçadas ou voluntárias. Um álbum homônimo, a ser lançado ao final deste ano e que, além de “Kelelê”, terá mais nove canções, com participação de convidados, é o principal produto planejado pelos artistas. Turnês e oficinas também estão entre as ações propostas.
Um total de oito faixas do álbum são composições de Wir Caetano com seu parceiro regular, Zecrinha, de Senhor do Bonfim, no sertão da Bahia. Uma parceria de Toni Júlio com Kal dos Santos, além de outra do italiano Davide Perduca com sua namorada, a harpista pernambucana Priscila Gama, completam o trabalho.
A ideia de elaboração do projeto nasceu depois que, em agosto de 2023, Toni Júlio e Wir Caetano produziram, em um clube em João Monlevade, o show Migrações, quase completamente autoral, com grande sucesso. O fato de o cantor monlevadense ser imigrante na Itália, entrecruzado com a história da diáspora africana e a peculiaridade de seu trabalho envolver artistas de diferentes localidades, levou ao conceito e ao nome Migrações/Migrazioni. Para viabilizar a empreitada, uma campanha de financiamento coletivo foi lançada no ano passado.
KELELÊ
Afeto e alegria
“Kelelê”, o primeiro single do projeto Migrações/ Migrazioni, é um zouk, ritmo nascido no Caribe com raízes africanas. A palavra que dá título à canção é expressão que comunidades tradicionais da República Democrática do Congo gritam quando nascem crianças, principalmente se forem gêmeas, uma espécie de exaltação pela vida. O termo tem também o sentido de “barulho” em suaíli, uma das línguas faladas naquele país.
A letra escrita por Wir Caetano e Toni Júlio trata de afeto, alegria e energia, além de celebrar ícones e valores da cultura afro-brasileira. “Me jogou no zouk / joguei a preta no jongo / (…)/ eu joguei na língua dela um bem / ela me jogou milongo”, diz parte da canção. “Milongo” é “remédio” ou “cura” em quimbundo, falado em Angola.
Temperando os versos e o ritmo, estão as vozes principais de Donat Munzila e Toni Júlio, que também integram o coro composto ainda pelo baiano Kal dos Santos, sua filha Clara Luna, Priscila Gama e Davide Perduca. Já os timbres instrumentais ficam por conta de Donat (baixo, congas, maracas); Davide (violão); e Kal (tan-tan, reco-reco, apito). Todas as etapas da gravação foram feitas no Marte Recording Studio, em Milão.
FICHA TĖCNICA
KELELÊ:
Composicāo – Donat Munzila – Wir Caetano – Toni Julio
Produçāo – Trio Migrazioni / Projeto Migrações/Migrazioni
Direcāo – Donat Munzila
Arranjo – Donat Munzila
Músicos – Donat Munzila (voz – baixo – congas – maracas – coro)
Toni Julio – voz – palmas – coro
Davide Perduca – violāo – Palmas – coro
Kal dos Santos – coro – Palmas – tamtam – reco-reco – apito
Clara Luna – coro – palmas
Priscila Gama – coro
Gravaçāo e mixagem – Marte Recording Studio – Federico Ramoni
Fotografia e video – Julye Jacomel
ASSESSORIA EM COMUNICAÇÃO CRIATIVA E RELACIONAMENTO COM A IMPRENSA: Márcia Francisco – 31 99165778
Anexo útil:
Letra
KELELÊ
(autores: Donat Munzila / Wir Caetano / Antônio Júlio)
Siunka ya wunu Siunka za kiese kizingi
Siunka ya wunu Siunka za kiese kizingi
Yimuini bantu babingi vana kati kia rata
Yimuini bantu babingi vana kati kia rata
bizidi ye luyangalalu
ye kina mpe ye kembelela
bizidi ye luyangalalu
ye kina mpe ye kembelela (*)
Ontem lá na feira vi uma preta do Congo
Ontem lá na feira vi uma preta do Congo
Me jogou no zouk, botei a preta no jongo
Me jogou no zouk, botei a preta no jongo
Eu chamei a preta de neném
Ela me chamou malungo
Eu chamei a preta de neném
Ela me chamou “ó, meu bem”
Kelelê, Kelelê, Kelelê
A Mamma África,
Kelelê, Kelelê, Mama, Kelelê
Kelelê, ó, Kelelê, dança congado,
Kelelê, Kelelê, Mamma, Kelelê
E hoje tem festa no gueto pra saldar o
Kelelê, Kelelê, Mamma, Kelelê
A Mamma é África, Kelelê
Ancestralidade , Kelelê
Fica à vontade, Kelelê,
Zouk
Kelelê, Kelelê, Mamma, Kelelê
Kelelê, ó, Kelelê, dança congado,
E hoje tem festa no gueto pra saldar o
Kelelê, Kelelê, Mamma, Kelelê
É o rei Do Congo , Kelelê
Viva o quilombo, Kelelê
Zumbi de Palmares, Kelelê
Kikongo, quilombo, Kelelê
Ontem lá na Feira vi uma preta do Congo
Ontem lá na feira vi uma estrela do Congo
Me jogou no zouk, botei a preta no jongo
Me deitou no colo, o céu bateu no meu ombro
Eu joguei na língua dela um bem
Ela me jogou milongo
Eu beijei o céu que ela tem
Ela respondeu: ó meu bem
Kelelê, Kelelê, Kelelê
A Mamma África,
Kelelê, Kelelê, Mamma, Kelelê
Kelelê, ó, Kelelê, dança congado,
Kelelê, Kelelê, Mamma, Kelelê
E hoje tem festa no gueto pra saldar o
Kelelê, Kelelê, Mamma, Kelelê
É a raça negra, Kelelê
Império do Congo, Kelelê
Kikongo, quilombo, Kelelê
O rei do quilombo, Kelelê
(*) Tradução dos versos em kikongo:
A manhã de hoje
é realmente festiva.
Vejo muita gente na aldeia
Todos vieram se alegrar com danças e glorificar a vida