Holding familiar e Imposto de Renda: a estratégia que protege seu patrimônio e reduz a carga tributária

Especialistas explicam como a criação de uma holding pode evitar prejuízos no inventário, gerar economia no IR sobre aluguéis e garantir tranquilidade para famílias que desejam organizar seus bens com inteligência e segurança
Evitar conflitos familiares, reduzir impostos e proteger bens pessoais de riscos jurídicos e empresariais: essas são algumas das razões que explicam o crescimento do uso de holdings familiares no Brasil. E com o aumento da fiscalização da Receita Federal e a antecipação do planejamento do Imposto de Renda de 2026, o tema voltou ao radar de empresários, famílias e investidores.
Segundo o Colégio Notarial do Brasil, o número de inventários extrajudiciais cresceu 38% nos últimos cinco anos. Muitos deles envolvem patrimônios que poderiam ter sido organizados preventivamente, evitando o alto custo do ITCMD, as despesas com cartórios e, principalmente, os conflitos entre herdeiros. O problema é que a maioria só pensa nisso depois que é tarde demais.
“A holding familiar é uma estrutura jurídica que pode ser criada com calma, estratégia e personalização. Ela permite proteger os bens de forma legal, facilitar a sucessão e ainda reduzir a carga tributária no longo prazo. Quando bem feita, ela vira um escudo patrimonial”, explica Patrícia Bastazini, contadora e sócia da Bastazini Contabilidade.
Menos IR sobre aluguéis e mais controle do patrimônio
Um dos principais benefícios tributários da holding está na economia com Imposto de Renda sobre aluguéis de imóveis. Enquanto pessoas físicas pagam até 27,5% de IR sobre a renda recebida, a tributação via pessoa jurídica (com holding) pode cair para 11,33%, dependendo do regime adotado.
“Já tivemos casos em que a economia com aluguéis foi superior a R$ 100 mil por ano. A holding permite receber os valores por meio de uma empresa, o que reduz a tributação e ainda facilita o reinvestimento dos rendimentos”, explica Marcelo Cardoso, sócio da Bastazini Contabilidade e especialista em reestruturação patrimonial.
Além disso, o controle dos bens passa a ser feito via quotas empresariais, o que reduz a exposição do patrimônio pessoal em caso de ações judiciais, dívidas ou falecimentos. Isso facilita o planejamento de longo prazo e evita que imóveis fiquem “travados” no inventário.
E o Imposto de Renda?
Muitas pessoas desconhecem que a estruturação de uma holding também tem impacto direto no planejamento do Imposto de Renda. O primeiro passo, segundo os especialistas, é entender como os bens estão registrados, se há ganho de capital na eventual venda e se os rendimentos estão sendo declarados corretamente.
“O que mais vemos são erros na declaração de imóveis, omissão de rendimentos de aluguel ou confusão entre bens da pessoa física e da empresa. Tudo isso pode gerar malha fina, multa e até bloqueios. Um planejamento bem feito ajuda a prevenir isso com antecedência”, reforça Patrícia.
Com a antecipação da reforma tributária, prevista para ser implementada de forma mais robusta a partir de 2026, muitos contribuintes estão se organizando desde já para adaptar suas estruturas e evitar surpresas na próxima declaração. Isso inclui rever a titularidade dos imóveis, reorganizar as fontes de renda e avaliar se a estrutura atual continua vantajosa.
Holding não é só para milionários
Ainda persiste o mito de que holdings são ferramentas exclusivas para famílias muito ricas. Mas isso não é verdade. Segundo Marcelo, imóveis a partir de R$ 800 mil já justificam uma análise de viabilidade, especialmente se forem alugados, herdados ou compartilhados entre familiares.
“Mais importante do que o valor é a intenção: se a família quer proteger, organizar ou crescer, a holding pode ser uma solução. A Bastazini oferece um diagnóstico completo, com projeções de ganhos e avaliação dos riscos. O objetivo é trazer clareza antes de tomar qualquer decisão”, explica Marcelo.
A mensagem é clara: não se trata apenas de pagar menos impostos, mas de estruturar o futuro com segurança. O ideal é iniciar o planejamento patrimonial e tributário com antecedência, evitando correrias, erros ou decisões impulsivas em momentos delicados, como a perda de um ente querido.
“Fazer uma holding é um ato de cuidado com a família. É pensar no bem-estar de todos, inclusive daqueles que ainda nem nasceram. E o Imposto de Renda pode ser o melhor gatilho para começar esse processo de forma consciente e estratégica”, conclui Patrícia Bastazini.