Curta Circuito | Diretora Tereza Trautman participa da sessão do filme Os Homens Que Eu Tive no Cine Humberto Mauro (6/8)
Com o tema 'Transgressoras Brasileiras do Cinema' a mostra esse ao apresenta 11 produções nacionais, entre longas e curtas-metragens, dirigidas por mulheres no período da ditadura militar; A terceira e próxima sessão é na terça-feira, dia 6 de agosto, no Cine Humberto Mauro, e contará com a presença da renomada diretora Tereza Trautman e da crítica de cinema Cecilia Barroso
A 24ª Mostra de Cinema Nacional Curta Circuito continua com a sua programação focada em filmes potentes realizados por mulheres pioneiras durante um dos períodos mais complexos da história do país, a ditadura militar. Com o tema ‘Transgressoras Brasileiras do Cinema’, a mostra, dirigida por Daniela Fernandes, apresenta um panorama importante do movimento feminino no cinema do Brasil, entre 1960 e 1980, e aborda o impacto dessas mulheres e dessas produções no cenário cultural de ontem e hoje. Na próxima sessão, o público poderá assistir a duas pérolas do cinema nacional: o curta-metragem Maria Gladys, uma Atriz Brasileira (1979), dirigido pela atriz, cineasta e ícone das telas, Norma Bengell; e o longa Os Homens Que Eu Tive (1973) – em uma cópia restaurada – dirigido por Tereza Trautman, que estará presente na exibição e participará de um bate-papo com o plateia ao lado da crítica Cecilia Barroso. A sessão é na terça-feira, dia 6 de agosto (terça-feira), às 19h, no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes. A programação do Curta Circuito é gratuita e segue em Belo Horizonte no mesmo local até 15 de outubro, com distribuição de ingressos na bilheteria do cinema, uma hora antes de cada exibição. Parte da programação também será exibida nas cidades mineiras de Araçuaí e Montes Claros.
O curta-metragem documental Maria Gladys, uma Atriz Brasileira traz para as telas um recorte da carreira artística e do cotidiano da atriz Maria Gladys, um dos maiores nomes do cinema brasileiro e conhecida pela geração atual como avó da atriz internacional Mia Goth. “É no declínio da pornochanchada que se dá o encontro fílmico entre duas grandes atrizes e criadoras brasileiras. De um lado da câmera, Norma Bengell, mais lembrada por ser uma atriz sex symbol, mas que era também ativista pela democracia e feminista. Do outro, Maria Gladys, atriz considerada mais alternativa, figurinha carimbada do Cinema Novo e Marginal”, afirma a crítica Fernanda Pessoa, autora do texto sobre o filme no catálogo da mostra.
O outro filme exibido na sessão, o longa-metragem Os Homens Que Eu Tive, tem no elenco Darlene Glória, Arduíno Colassanti, Gracindo Júnior, entre outros. Foi considerado o primeiro longa-metragem ficcional no cinema moderno dirigido por uma mulher. Apesar do aparente sucesso na crítica e na bilheteria, o filme escrito, montado e dirigido por Tereza Trautman foi censurado pela ditadura militar, ficando apenas cerca de seis semanas em cartaz, e liberado somente em 1980 com o título ‘Os Homens e Eu’. Por tratar-se de uma narrativa repleta de pautas feministas, a sociedade da época o viu como uma ameaça moral aos bons costumes, já que o enredo explora a sexualidade da mulher e o amor livre, além de outros temas condenados pela família patriarcal burguesa.
Transgressoras Brasileiras do Cinema
Ao todo, foram selecionados pela curadora convidada Lorenna Montenegro, 4 curtas e 7 longas-metragens realizados durante a ditadura militar. “O cinema passou a ser mais censurado, mas isso não desencorajou mulheres artistas a realizarem filmes que falavam sobre emancipação feminina, os papéis sociais, o racismo e o preconceito de classe, a sororidade, o amor livre, a censura e a tortura”, afirma a curadora. “O que os homens censuraram lá atrás, hoje aclamamos nas telas dos cinemas”, completa a diretora da mostra, Daniela Fernandes.
São obras que se alinham às questões inerentes à mulher e ao chamado contracinema, a resposta oposicional ao cinema clássico e tradicional, representada por obras que teriam as mulheres como autoras, seguindo na direção de um cinema experimental e vanguardista. E em se tratando do Brasil em plena ditadura militar, a inflexão proposta pelas cineastas também em relação à produção cinematográfica brasileira durante os anos de 1960 e 1980 representa uma quebra com alguns modos e estilos fílmicos, como a pornochanchada, também alterando radicalmente a forma objetificante como as mulheres eram representadas nos filmes.
3ª sessão | 6 de agosto (terça-feira), às 19h
Maria Gladys, uma Atriz Brasileira | Norma Bengell | BR, 1979, 9′
Um breve documentário sobre a vida e obra da veterana atriz Maria Gladys, dirigido pela também atriz Norma Bengell. Um retrato intimista onde seus créditos de atuação e alguns fatos de sua vida são discutidos de forma humorada. Ela também realiza alguns monólogos.
Os Homens Que Eu Tive* | Tereza Trautman | BR, 1973, 85′
Mulher casada só se sente bem quando está apaixonada. Em busca de um amor arrebatador, ela tem muitos casos amorosos, com o consentimento do marido.
*Exibição com Cópia Restaurada do filme Os Homens Que Eu Tive
Bate-papo após a sessão com a diretora Tereza Trautman e a crítica Cecilia Barroso
Tereza Trautman
Desde muito jovem envolveu-se com a cena cultural paulistana e integrou a Reunião de Produtores Independentes, junto com João Batista de Andrade, Luís Sérgio Person, João Silvério Trevisan e Carlos Reichenbach. Junto com o cineasta José Marreco escreveu os episódios de Fantasticon: os deuses do sexo (1970), e fez a direção, produção, montagem e edição do primeiro episódio, A curtição. Nascida em São Paulo, em 1951, mudou-se para o Rio de Janeiro no início da década de 1970, onde, junto com o cineasta Alberto Salvá, escreveu Os homens que eu tive (1973). Fez a produção e a montagem de longas-metragens de Alberto Salvá, como Revólveres não cospem flores (1972), Ana, a libertina (1975) e Os maníacos eróticos, episódio de Deliciosas traições do amor (1976). Com a direção do curta-metragem O caso Ruschi (1977), foi premiada no Festival de Brasília. Na década de 1980, dirigiu seu primeiro longa-metragem, Sonhos de menina moça (1987). Dirige a empresa Conceito A em Audiovisual. É também criadora do canal CINEBRASILTV, que completou 20 anos. Há duas décadas Tereza Trautman é fiel ao seu sonho de vida: promover e tornar acessível a diversidade do audiovisual nacional, sem distinção de grandes ou pequenos criadores e, de todas as regiões do país.
Bate-papo
Após cada exibição, o Curta realiza um bate-papo com a plateia e convidados, como autoras e críticas de cinema e integrantes das equipe dos filmes, criando um ambiente ainda mais propício à reflexão sobre o cinema nacional. Esse conteúdo é gravado e disponibilizado posteriormente no YouTube da mostra: (youtube.com/@MostraCurtaCircuito)
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Para todos os filmes exibidos no Curta Circuito foram produzidos textos inéditos de autoria da equipe de críticas da mostra.
Curadora Convidada:
Lorenna Montenegro – crítica de cinema, curadora, roteirista, jornalista e professora na Academia Internacional de Cinema. Votante internacional do Globo de Ouro, faz parte do Coletivo Elviras e é filiada à Abraccine, a Abra Roteiristas e ao FORCINE, além de ser liderança do +Mulheres do Audiovisual Brasileiro.
Críticas:
Alcilene Cavalcante – historiadora, docente da Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás. Fez doutoramento em Letras: Estudos Literários na UFMG. Tem formação técnica em audiovisual. Publicou o livro “Uma Escritora na Periferia do Império: Vida e Obra de Emília Freitas” (Editora Mulheres, 2008) e participou como autora de “Feminino e Plural: Mulheres no Cinema Brasileiro” (Papirus, 2017) e “Mulheres de Cinema” (Numa, 2019).
Carol Almeida – pesquisadora, professora e curadora de cinema. Doutora em Comunicação na UFPE, com pesquisa centrada no cinema contemporâneo brasileiro. Faz parte da equipe curatorial do festival Olhar de Cinema/Curitiba, da Mostra de Cinema Árabe Feminino e da Mostra que Desejo, além de participações na curadoria de festivais como Recifest, festival de cinema queer do Recife, e do For Rainbow.
Carol Magno – Diretora, dramaturga e roteirista. Doutora em Artes pela UFPA e pesquisadora no grupo de estudos PETECA (Etdufpa/UFPA). Ministra cursos na área de teatro, cinema, literatura e performance. Atua nos coletivos Grita! E Abayá.
Cecília Barroso – jornalista, crítica de cinema, curadora, pesquisadora e professora. Participou como autora da publicação “Mulheres atrás das câmeras: As cineastas brasileiras de 1930 a 2018”, finalista do Prêmio Jabuti. É integrante da Abraccine, da FIPRESCI, da Critics Choice Association, do Coletivo Elviras e votante internacional do Globo de Ouro.
Fernanda Pessoa – cineasta e artista, trabalha com documentário e cinema experimental. Doutorando na ECA/USP e mestre em Audiovisual na Sorbonne Nouvelle. Diretora dos longas “Histórias que nosso cinema (não) contava”, “Zona Árida” e “Vai e Vem”, exibidos em festivais como IDFA, RIDM, DOC NYC, DocLisboa, DOK Leipzig e Festival de Brasília.
Flavia Guerra – documentarista, curadora, crítica de cinema e jornalista. Vice-presidente da Abraccine. Mestre em Direção de Documentário e Cinema na Goldsmiths – University of London. É colunista de cinema da Rádio Band News FM e cobre os principais festivais de cinema do mundo. Apresenta o podcast Plano Geral, no portal Splash UOL.
Glênis Cardoso: transita entre a produção, crítica, curadoria e preservação audiovisual. Foi cofundadora e editora-chefe do Verberenas, site e revista online sobre cinema sob uma perspectiva feminista. É editora-chefe e preservadora assistente da Iniciativa de Digitalização de Filmes Brasileiros, da organização Cinelimite.
Karla Holanda – professora do departamento de Cinema e Vídeo e do PPGCine da Universidade Federal Fluminense, é também cineasta, tendo dirigido, dentro outros filmes, “Kátia” (2013). É co-organizadora do livro “Feminino e Plural: Mulheres no Cinema Brasileiro” (Papirus, 2017) e organizadora do livro “Mulheres de Cinema” (Numa, 2019).
Lorenna Montenegro – crítica de cinema, curadora, roteirista, jornalista e professora na Academia Internacional de Cinema. Votante internacional do Globo de Ouro, faz parte do Coletivo Elviras e é filiada à Abraccine, a Abra Roteiristas e ao FORCINE, além de ser liderança do +Mulheres do Audiovisual Brasileiro.
Tatiana Carvalho Costa – Professora e curadora em Cinema e Audiovisual. Doutoranda no PPGCom/UFMG. Presidenta da APAN – Associação de Profissionais do Audiovisual Negro – e integrante do FICINE – Fórum Itinerante de Cinema Negro. Docente no Centro Universitário UNA (BH/MG).
Vivi Pistache – Pesquisadora, crítica de cinema, curadora, júri e roteirista, com passagem pela Casa de Criação e Cinema, O2 Filmes e Globo. Graduada em Psicologia pela UFMG e Doutora em Sociologia pela USP. Possui formação em roteiro e direção pela Academia Internacional de Cinema – AIC.
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Próximas sessões em Belo Horizonte:
6 de agosto (terça-feira)
Maria Gladys, uma Atriz Brasileira | Norma Bengell | BR, 1979, 9′
Os Homens Que Eu Tive* | Tereza Trautman | BR, 1973, 85′
Bate-papo após a sessão com a diretora Tereza Trautman e a crítica Cecilia Barroso
*Exibição com Cópia Restaurada do filme Os Homens Que Eu Tive
20 de agosto (terça-feira)
A Entrevista | Helena Solberg | BR, 1966, 20′
Cristais de Sangue*| Luna Alkalay | BR, 1977, 83′
Bate-papo após a sessão com a diretora Luna Alkalay e a crítica Karla Holanda e o pesquisador Felipe Abramovictz.
*Exibição com Cópia Restaurada do filme Cristais de Sangue
1º de outubro (terça-feira)
Mestiça, A Escrava Indomável | Lenita Perroy | BR, 1973, 100′
Bate-papo após a sessão com a crítica Vivi Pistache + convidado a confirmar
8 de outubro (terça-feira)
O Segredo da Rosa | Vanja Orico | RJ, 1974, 80′
Bate-papo após a sessão com a crítica Tatiana Carvalho da Costa e a produtora Adelia Sampaio
15 de outubro (terça-feira)
Preparação-1 | Letícia Parente | BR, 1975, 3′
Feminino Plural | Vera Figueiredo | BR, 1976, 80′
Bate-papo após a sessão com a crítica Carol Almeida e a atriz Ângela Figueiredo
O Curta Circuito também leva parte da programação para as cidades mineiras de Araçuaí (em sessões entre 29 de agosto e 25 de setembro) e Montes Claros ( em sessões entre 5 e 26 de setembro).
Confira a programação completa no site oficial da Mostra: curtacircuito.com.br
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O Curta Circuito
A mostra exibe filmes nacionais, clássicos e atuais, sempre com entrada franca. Desde sua criação, em 2001, até hoje reuniu um público de quase cem mil pessoas, que estiveram presentes nas mais de cinco mil sessões apresentadas. O Curta Circuito é dirigido por Daniela Fernandes, da Le Petit Comunicação Visual e Editorial. É referência em Minas e no Brasil como ação de formação qualificada de público, espaço de reflexão e debates sobre a cultura audiovisual e todos os aspectos que a envolvem, sejam técnicos, narrativos, estéticos, culturais e políticos. O Curta Circuito já atuou em 18 cidades dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Pará e atualmente está presente em Belo Horizonte – onde tem como “sede” de suas exibições o Cine Humberto Mauro – e nos municípios mineiros de Montes Claros e Araçuaí. Já passaram pelo projeto convidados como Nelson Pereira dos Santos, Zé do Caixão, Sidney Magal, Othon Bastos, Antônio Pitanga, Nelson Xavier, Darlene Glória entre outros. O Curta Circuito atua também na preservação e memória do cinema brasileiro, trabalhando na restauração de filmes, em parceria com a Cinemateca do MAM-RJ. A iniciativa recebeu Mention do D’Hounner em Milão, em 2013, pela restauração do filme “Tostão, a fera de Ouro”, da década de 1970.
Curta Circuito em Números | 24 anos:
Público: quase 92.000 pessoas já prestigiaram em 24 anos de projeto
Programações exibidas : 5.020
Formatos de exibição dos Filmes : 35mm, 16mm, digital e DCP
Cidades que já participaram do Circuito | 18 cidades: Belo Horizonte, Montes Claros,
Araçuaí, Ipatinga, Uberlândia, Guaxupé, São Sebastião do Paraíso, Divinópolis, Uberaba,
Santana do Paraíso, Mariana, Ouro Preto, Tiradentes, Sete Lagoas, Contagem, Belém do
Pará, Salvador e São Paulo.
Estados que fizeram parte do Circuito: Minas Gerais, Pará, Bahia e São Paulo
Filme Restaurado: Tostão, a fera de Ouro de Paulo Lander e Ricardo Gomes Leite – 1970,
Prêmios pela restauração: Gol de Placa – 4 Cinefoot – Festival Internacional de Cinema de
Futebol – 2013 Mention do D’Hounner – FICTS, Milão -2013
Prêmios pelo Conjunto Gráfico: Brasil Design Award Medalha de Prata 2018 e Medalha de Bronze 2021
Alguns Convidados que já passaram pelo Curta Circuito em 24 anos:
Realizadores: José Mojica Marins (Zé do Caixão), Vladimir Carvalho, Nelson Pereira dos
Santos, Walter Lima Jr, Antonio Carlos da Fontoura, Xavier de Oliveira, Lirio Ferreira, Claudio
Assis, Marcelo Gomes, João Batista de Andrade, Kiko Goifman, Geraldo Moraes, Beto Brant,
Joao Saraceni, Marília Rocha, Paula Gaitan, Jeferson De, Andres Lieban, Guto Parente, Noa
Bressane, Bruno Safadi, Eduardo Escorel, Alfredo Sternheim, Carlo Mossy…
Músicos: Sidney Magal, Pepeu Gomes, Seu Jorge, Agnaldo Timóteo, Max de Castro, Vander
Lee, Regina Souza, Marco Souza e Guto Borges…
Atores: Othon Bastos, Tonico Pereira, Antônio Pitanga, Nelson Xavier, Stepan Nercessian,
Paulo Tiefenthaler, Jonathan Haagensen, Darlene Glória, Monique Lafond, Mario Gomes, Nuno Leal Maia,David Cardoso, Anselmo Vasconcelos …
Críticos: Jean Claude Bernard, Andrea Ormond, Raul Arthuso, Fernando Oriente, Amanda
Aouad, Eliska Altmann, Bianca Dias, Daniel Salomão, Ailton Monteiro, Rafael Carvalho, Paulo Henrique Silva, Marcelo Miranda, Humberto Silva, Marcelo Carrard, Felipe Guerra, Everton Belico, Roberto Cotta, Victor Guimarães, Carlos Primati, João Carlos Rodrigues e Beatriz Saldanha…
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Serviço: 24ª Mostra de Cinema Curta Circuito Filmes e bate-papos 16 de julho a 15 de outubro de 2024 – Belo Horizonte Cine Humberto Mauro | Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1537 – Belo Horizonte Sessões às 19h30, em terças-feiras específicas Entrada gratuita, sujeita a lotação do espaço Os ingressos devem ser retirados na bilheteria do cinema, 1 hora antes da sessão Capacidade da sala | 129 lugares Classificação indicativa | 16 anos Informações: 31 998059625 | www.curtacircuito.com.br |
O Curta Circuito conta com o patrocínio da MGS; apresentação da Secretaria de Cultura e Turismo, Governo de Minas Gerais através da Lei Paulo Gustavo e Le Petit. Com incentivo da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura.
Realização: Le Petit. Projeto Curta Circuito