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CRAB celebra os 100 anos de Dona Izabel, Mestra Artesã do Vale do Jequitinhonha

Exposição reunirá 300 obras da premiada ceramista mineira, que moldou o barro de forma inovadora e criou as famosas bonecas moringas

Sede do Crab Sebrae, no Rio de Janeiro. Crédito: Divulgação

 

Rio de Janeiro – O Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB) abre suas portas, dia 21/8, para uma exposição que homenageia uma das mais notáveis artistas populares do Brasil: a mestra artesã dona Izabel Mendes da Cunha. “Dona Izabel: 100 anos da Mestra do Vale do Jequitinhonha” celebra o centenário de nascimento da premiada ceramista mineira, conhecida como a Dama do Barro do Jequitinhonha e criadora das famosas bonecas moringas.
A iniciativa é uma realização do CRAB Sebrae em parceria com o Sebrae Minas e tem o apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SEDE) do Governo de Minas Gerais, por meio da Diretoria de Artesanato.
A exposição oferece um mergulho profundo no legado de Dona Izabel, cuja obra transcendeu fronteiras regionais e conquistou reconhecimento nacional e internacional. São 300 obras da mestre artesã, distribuídas em oito salas do CRAB. “Homenagear dona Izabel em seu centenário de nascimento é reconhecer a trajetória de uma artista que extrapola os limites de seu território _ o município de Santana do Araçuaí (MG) _ e se lança por um extenso vale mineiro, de onde transborda para o Brasil e o mundo. Dona Izabel escreveu uma linda história sobre o artesanato e a arte da cerâmica no Brasil e nos deixou um legado único”, explica Ricardo Lima, curador da exposição.
O universo da mestra artesã
Natural de Córrego Novo, uma pequena comunidade rural próxima a Itinga, no interior de Minas Gerais, Dona Izabel nasceu em 3 de agosto de 1924. Ela descobriu o universo do barro ainda criança, observando sua mãe, uma “paneleira”, criar utensílios domésticos com a matéria-prima abundante na região.
O Vale do Jequitinhonha, cenário das criações de Dona Izabel, é uma área no nordeste de Minas Gerais conhecida tanto por suas belezas naturais quanto pelas dificuldades socioeconômicas de sua população. A arte popular naquela região surgiu como uma forma de resistência e sobrevivência, com as mulheres do Vale assumindo papéis centrais na produção artesanal. Dona Izabel, com suas inovadoras moringas-bonecas, foi uma figura central neste contexto, transformando objetos utilitários em verdadeiras esculturas.
A oficina de Dona Izabel, anexa à sua casa em Santana do Araçuaí, no Médio Vale do Jequitinhonha (MG), para onde se mudou ainda jovem, era um espaço de simplicidade e criatividade. Utilizando ferramentas rudimentares, como sabugos de milho e pedaços de coité, e pigmentos minerais que ela mesma preparava, Dona Izabel deu vida a suas criações, a maioria utensílios de uso diário.
A década de 1970 marcou uma virada na carreira da artista, quando ela começou a criar as famosas grandes bonecas. Originalmente projetadas para conter água, essas peças evoluíram para esculturas de um metro ou mais, tornando-se símbolos de sua arte e da cultura do Vale. Dona Izabel morreu em 2014, aos 90 anos.
O reconhecimento do trabalho de Dona Izabel veio por meio de prêmios importantes, como o Prêmio Unesco de Artesanato Popular para a América Latina e Caribe, a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura do Brasil e o Prêmio Culturas Populares do MinC. Em 2016, sua obra foi celebrada com uma série especial de selos postais emitida pelos Correios.
Tributo à mestra artesã
“A exposição que o CRAB inaugura neste mês sobre Dona Izabel é mais do que uma homenagem a uma mestra artesã; é um tributo a uma artista que, com suas mãos habilidosas e espírito inovador, moldou não apenas o barro, mas também a identidade cultural de uma região inteira”, comemora Sergio Malta, diretor de Desenvolvimento do Sebrae Rio.
O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, destaca o evento como um resgate à memória de Dona Izabel e fala sobre a continuidade do trabalho desenvolvido na região. “O artesanato em barro produzido no Vale do Jequitinhonha é uma importante referência cultural de Minas Gerais, valorizando a origem e a identidade do território. Dona Izabel foi uma das principais pioneiras nessa atividade que gera emprego e renda para as famílias locais e influenciou familiares e um grupo de jovens. Além da homenagem a esse legado, a exposição enaltece obras especiais e peças decorativas de nossos artesãos apoiados pelo Sebrae Minas e pelo Governo do Estado”, afirma.
O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passálio, destaca a representatividade da artesã para a comunidade local. “Dona Izabel é a prova de que o trabalho supera todas as dificuldades. É louvável a preocupação que ela teve em repassar os ensinamentos para outras gerações, incentivando que sua comunidade produzisse peças em barro, mostrando desde sempre como o artesanato é fonte de renda e de autonomia. Um orgulho para o Vale do Jequitinhonha e um orgulho para Minas”, afirma.
Venha descobrir a beleza e a história por trás das criações de Dona Izabel no CRAB. A exposição tem entrada gratuita e estará aberta ao público a partir das 10h do dia 21/08.
Sobre o CRAB

 

Inaugurado em um prédio histórico da Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, o CRAB tem como missão promover o artesanato nacional e contribuir para qualificar a imagem dos produtos feitos à mão no Brasil. Desde sua abertura, o CRAB realizou 33 grandes exposições e mostras; reestruturou seu Acervo e sua política de conservação e catalogação de peças; desenvolveu, captou e disseminou conteúdos estratégicos do artesanato; estabeleceu o Programa de Visitas Guiadas e o Programa Educativo; além de ter participado de diversos eventos estratégicos que contribuíram para o seu posicionamento enquanto equipamento cultural que dissemina conhecimento e experiências inventivas.

 

Em suas galerias estão ou passaram importantes trabalhos de artesanato, revelando histórias, origens e territórios. Atualmente, abriga uma coleção de 1.900 itens, que representam a expressão da cultura popular e da criatividade brasileiras. Entre as obras mais significativas estão as cerâmicas de Zezinha do Vale de Jequitinhonha (MG), de João Borges (Teresina-PI), de João das Alagoas (Capela-AL), Maria Sil (Capela-AL), Mestre Nuca; as esculturas em madeira de Abelardo dos Santos (Ilha do Ferro-PI), e o couro colorido de Mestre Espedito Seleiro (CE).

 

Presente e passado em prédio histórico

 

O CRAB também é um local de memória urbana e um importante distrito criativo do Rio. O espaço possui uma estrutura moderna, que convive com o padrão construtivo do século XVIII. Esse cenário arquitetônico revitalizado valoriza e destaca o artesanato brasileiro, contribuindo para a afirmação cultural da Praça.

 

No CRAB, as áreas de convivência são projetadas para estimular relacionamentos e troca de informações. Há também espaços multiuso, como auditório e salas para oficinas e workshops – ambientes destinados à capacitação, formação, pesquisa e experimentação. O complexo arquitetônico do CRAB é um bem tombado pelo IPHAN (federal); INEPAC (estadual) e IRPH (municipal). Os três prédios integram o Corredor Cultural do Rio Antigo.

 

Serviço

 

Endereço: Praça Tiradentes 69/71, Centro do Rio de Janeiro

Funcionamento: terça-feira a sábado, das 10h às 17h

Ingresso: entrada franca (mediante documento com foto)
Website: Link

Leo Junior

Bacharel em Publicidade e Propaganda pelo Centro Universitário UNA, graduado em Marketing pela Unopar e pós graduado em Marketing e Negócios Locais e com MBA em Marketing Estratégico Digital, é um apaixonado por futebol e comunicação além de ser Jornalista certificado pelo Ministério do Trabalho.

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