As mulheres que fizeram e fazem a gastronomia de Belo Horizonte

No Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é impossível não reconhecer a força feminina que construiu e continua moldando a gastronomia de Belo Horizonte. Para a chef Agnes Farkasvolgyi, que tem quase 40 anos de experiência na cozinha, a cidade deve muito a mulheres que, antes da explosão dos restaurantes, foram responsáveis por alimentar gerações e criar verdadeiros impérios gastronômicos. “Antes da década de 1980, Belo Horizonte não tinha restaurantes de gastronomia. Quem fazia comida de luxo na cidade eram as banqueteiras”, relembra Agnes, que destaca nomes como Dona Catarina (Buffet Catarina), Dona Maria José (mãe de Túlio Pires, do Rullus), Dona Célia (Buffet Célia Soutto Mayor), Dona Ângela (Angela Buffet), Dona Pichita (mãe de Cantídio Lanna) e Dadette (do bufê que levava seu nome). “Essas foram as primeiras cozinheiras poderosas da cidade, e não é justo que suas contribuições sejam apagadas da história”, enfatiza a chef.
A influência dessas pioneiras reverbera até hoje, inspirando novas gerações de chefs. Abaixo, algumas profissionais da gastronomia belo-horizontina compartilham quem são suas referências, tanto do passado quanto do presente.
Para Ju Duarte, da Cozinha Santo Antônio, a inspiração vem de Maria Stella Libânio, autora do livro Fogão de Lenha, um marco na valorização da culinária mineira. “Esse livro foi um acontecimento na minha vida. Um trabalho importantíssimo!” Já entre os nomes atuais, Ju destaca Bruna Toddy: “Sou admiradora do trabalho e da energia dela cozinhando, da alegria e do prazer que ela coloca nas panelas. É muito lindo e animador!”
Renata Rocha, da Albertina, aponta a própria Agnes Farkasvolgyi como uma de suas grandes inspirações: “Ela foi super inspiradora e começou tudo isso lá atrás com o Bouquet Garni, quando nem se falava sobre mulheres na cozinha. Acho ela totalmente genial.” Renata também menciona Carol Elias, da Casa Riuga, como uma chef da nova geração que promete marcar a gastronomia belo-horizontina. “A cozinha dela é delicada, charmosa, com muita técnica e consistência. Valoriza o insumo, potencializa o sabor através do fogo… Ela me inspira muito hoje em dia.”
Yzabella Righi, da Righi Gastronomia, relembra a importância da chef Dona Lucinha para a preservação da comida mineira nos restaurantes e destaca Marina Mendes como referência na confeitaria. “O repertório da Marina é incrível. Essa mistura entre arte, história, moda e gastronomia reflete exatamente o que acredito. Ela consegue trazer tudo isso de forma brilhante!”
Das banqueteiras que marcaram época às chefs contemporâneas que reinventam a culinária, as mulheres seguem sendo protagonistas na cozinha e na história de Belo Horizonte.