Na era do avanço do streaming e das plataformas digitais, muitos podem pensar que o rádio perdeu seu espaço e importância no cenário midiático. No entanto, o papel deste meio de comunicação continua sendo de grande relevância, especialmente no Brasil, onde, segundo a pesquisa Inside Audio 2023, 80% da população brasileira escuta rádio, com tempo médio de escuta diária de 3h55.
O rádio, que completa mais de um século de história, mantém-se atual e vital na difusão de conteúdos culturais, locais e regionais, além de desempenhar um papel crucial na descoberta de novos talentos. Para artistas como a cantora Helena Serena, o rádio oferece uma experiência comunitária diferente das playlists individualizadas de streaming, além de poder conectar-se diretamente com as pessoas.
“O rádio tem algo muito especial, que é essa capacidade de criar uma experiência comunitária, algo que as playlists individualizadas não conseguem oferecer. Quando minha música toca em uma rádio, sei que várias pessoas estão ouvindo juntas, em diferentes lugares, mas conectadas pela mesma frequência. Isso cria uma sensação de pertencimento, uma troca coletiva que só o rádio proporciona. Além disso, o rádio permite um contato mais direto e real com o público, especialmente nas entrevistas ao vivo. Eu consigo falar diretamente com os ouvintes, contar as histórias por trás das músicas, e isso fortalece uma relação mais íntima e sincera, diferente do que acontece nas plataformas digitais”, comenta a ex- The Voice Brasil, Helena Serena.
Ainda de acordo com o levantamento, 76% dos entrevistados acreditam que o meio tem se tornado mais moderno em relação aos conteúdos e formatos. Para 83%, as notícias chegam de forma rápida. Além disso, a credibilidade do rádio também é alta, 64% dos ouvintes confiam nas notícias veiculadas.
A adaptação das rádios ao mundo digital também permitiu o nascimento de programas de nicho, valorizando as cenas regionais e fortalecendo movimentos culturais locais. Emissoras comunitárias e independentes, por exemplo, continuam sendo uma força viva para a divulgação de artistas como a banda Corpo e Alma, do Rio Grande do Sul, que encontram nesses espaços uma maneira de propagar sua música, sua mensagem e sua identidade.
“As rádios comunitárias e independentes são uma força viva para a música regional e para movimentos culturais que muitas vezes não têm espaço nas grandes plataformas de streaming. Esses programas de nicho dão voz para quem está fora dos grandes centros, fortalecendo a identidade local e permitindo que nossa música, nossa mensagem, chegue diretamente ao público que valoriza suas raízes. A rádio, mesmo em meio ao digital, continua sendo um meio poderoso de conexão e divulgação para a nossa arte”, afirma Wagner Schneider, vocalista da banda gaúcha Corpo e Alma.
Num país de dimensões continentais e realidades socioeconômicas tão diversas como o Brasil, o rádio desempenha um papel fundamental na difusão cultural e musical, conectando regiões e públicos que muitas vezes estão distantes, tanto geograficamente quanto em termos de acesso a tecnologias mais avançadas. Em muitos casos, é o único veículo que garante a circulação dessas expressões artísticas, ao reforçar a diversidade cultural e a inclusão de todos os brasileiros nesse vasto mosaico sonoro.
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