A programação da Mostra Mulheres Mágicas no CCBB BH continua! Para assistir: Conheça filmes em cartaz no CCBB BH que trazem histórias de mulheres que encaram os perigos dos tempos e expandem a ideia de mulheres mágicas
Trabalhos como Mami Wata (2022), de C. J. 'Fiery' Obasi, Simpósio Preto (2022), de Katia Sepúlveda, Resiliência Tlacuache (2019), de Naomi Rincón Gallardo e Rami Rami Kirani (2024), de Lira Mawapai HuniKuin e Luciana Tira HuniKuin, apontam para as possibilidades emancipatórias de reencantamento do mundo
A filmografia está dentro do eixo Lado B – “Bruxas contemporâneas: corpos indomáveis, saberes ancestrais”. Neste eixo. os filmes se voltam para sujeitos que encarnam o perigo dos tempos, expandindo a ideia das mulheres mágicas e apresentando perspectivas críticas.
Na sessão de hoje (9), intitulada Feiticeiras, nossas irmãs, será exibido Rami Rami Kirani, de Lira Mawapai HuniKuin e Luciana Tira HuniKuin (2024) mulheres Huni Kuin, é um documentário brasileiro sobre os sobre os aprendizados, as transformações e a força da ayahuasca através das mulheres Huni Kuin. Até pouco tempo, as mulheres Huni Kuin não podiam consagrar e preparar o Nixi Pae (ayahuasca). Apenas os homens conheciam o poder dessa medicina. O Filme foi realizado durante a oficina de formação audiovisual e direitos das mulheres indígenas, promovida pelo Instituto Catitu na Aldeia Mibãya, Terra Indígena Praia do Carapanã, Acre, ministrada por Mari Corrêa, Sophia Pinheiro e Viviane Hermida.
Na mesma sessão, o público irá assistir ao filme Resistência Tlacuache, de Naomi Rincón Gallardo (2019). O filme experimental tem como inspiração entrevistas e encontros com a ativista e advogada zapoteca Rosalinda Dionicio, que tem participado da defesa de territórios contra as mineradoras transnacionais no estado de Oaxaca, no México. Neste trabalho oriundo das artes visuais, se sobrepõem o tempo da criação com o tempo contemporâneo dos despojos da mineração. A fabulação é tecida a partir de mitos mesoamericanos nos quais quatro personagens (uma colina, uma espécie de gambá, Dona Caña e um agave, planta que serve de matéria-prima para tequila) se encontram para conjurar as energias cósmicas e os poderes da celebração embriagante contra as violências capitalistas heteropatriarcais de morte e destruição. Laocoonte e seus Filhos, de Ulrike Ottinger e Tabea Blumeschein (1973), fecha a sessão com a história de uma mulher extraordinária, um país incomum e uma cadeia de transformações mágicas dão origem a uma série de representações excêntricas dessas diversas personagens.
Na sessão Feiticeiras, nossas irmãs do dia 11 de maio, sábado, a terá a exibição de de três curtas. São eles: A Mãe do Rio (1995), da diretora afro-americana Zeinabu irene Davis. Nessa história de ficção comovente ambientada nos Estados Unidos da década de 1850, uma jovem escravizada conhece uma mulher mágica na floresta chamada “Mãe do Rio”. Por meio de sua amizade, a jovem aprende sobre independência, honra, humildade e respeito pelos outros. A mãe do rio é um raro retrato da escravidão sob a perspectiva de uma jovem mulher. Na sequência Abjetas 288, de Júlia da Costa e Renata Mourão (2020) e Para Sempre Condenadas, de Su Friedrich (1987). Abjetas 288 trata sobre territorialidades, identidades e meritocracia, tudo com um tom irônico e se utilizando de elementos alegóricos que dialogam com a história popular de Aracaju, enquanto Para Sempre Condenadas, um convento é o cenário desta investigação, centrada em uma jovem lésbica e seu encontro com uma freira solitária.
Na sessão Conto de Bruxas, do dia 15 de maio, será exibido Medusa, da diretora brasileira Anita Rocha da Silveira. Na história, há muitos e muitos anos, a bela Medusa foi severamente punida por Atena, a deusa virgem, por não ser mais pura. Já em um Brasil contemporâneo, dominado por um regime religioso ultraconservador, a jovem Mariana, interpretada por Mari Oliveira, pertence a um mundo em que deve se esforçar ao máximo para manter a aparência de uma mulher perfeita. Para não caírem em tentação, ela e suas amigas se esforçam para controlar tudo e todas à sua volta. Porém, há de chegar o dia em que a vontade de gritar será mais forte.
Na sessão Caça às bruxas contemporânea, no dia 17 de maio, terá a exibição do filme de Yaaba do diretor africano Idrissa Ouédraogo. Vencedor do Prêmio da Crítica no Festival de Cannes em 1989, Yaaba tem como enredo a amizade de Bila, um menino de 10 anos, com uma idosa chamada Sana, a quem todos chamam de “bruxa”, e que é ritualmente culpada por qualquer desastre que aconteça na na comunidade – uma pequena aldeia em Burkina Faso. Mas para o garoto ela é “Yaaba”, que significa “avó” – termo até então desconhecido por Sana. Na narrativa, a amizade se desdobra em um desafio: quando sua prima fica doente, Bila recorre à Sana para que ela faça um remédio para salvar a menina.
Na sessão Feiticeiras, nossas irmãs, de 18 de maio, serão exibidos Simpósio Preto, de Katia Sepúlveda. Na história, em um tempo mítico, um grupo de mulheres afro-caribenhas se reúne em uma praia remota para debater sexualidade, sensualidade, amor, cuidado, alegria e memória. A conversa gira em torno da descolonização e da espiritualidade. O encontro termina em um ritual que expressa profunda gratidão aos seus ancestrais e ao mar. Um filme que trata da experiência da violência com uma estética e uma abordagem colaborativas que desafiam as convenções cinematográficas a partir de diversas perspectivas feministas, contanto ainda com a participação da pensadora decolonial Yuderkys Espinosa-Miñoso. Serão exibidos também, Wil-o-Wisp, de Rachel Rose, República do Mangue, de Julia Chacur, Mateus S. Duarte e Priscila Serejo e também Cosas de Mujeres, de Rosa Martha Ferández.