Não é de hoje que a música autoral de Belo Horizonte chama atenção pela qualidade artística e relevância cultural de obras que atravessam nossas montanhas em direção a todos os cantos do país e do mundo. A música que emana de Belo Horizonte, entretanto, é tão rica quanto suas montanhas e são muitas as pepitas que, ano após ano, participam da construção do que se costuma chamar de “cena musical”.
Em tempos de extrema produtividade, profissionalização e reinvenção das atividades musicais, Belo Horizonte se destaca como polo criativo e berço de milhares de artistas com suas histórias e ambições. Paralelamente ao surgimento de carreiras solo, bandas e coletivos, uma cadeia se desenvolve em plena sintonia. São agentes, projetos e empreendimentos como estúdios, casas de espetáculo e eventos de todo gênero e porte que viabilizam e dão visibilidade para a música na capital.
ESPECIALIZADOS EM MÚSICA
Durante o ano de 2023, os mineiros se destacaram local e nacionalmente, principalmente pela pluralidade das produções que contemplam estilos diversos como o rap, o samba, o pop rock, a MPB, o funk, o metal e até ritmos tradicionais latinos. Mapear a produção numa cidade com tais características é uma tarefa no mínimo desafiadora, dado o volume, a qualidade e a variedade de artistas e obras que brotam em todos os lugares e a todo momento.
Com o propósito de ser radar e vitrine da música autoral de Belo Horizonte, o site Phono desempenha um papel ousado. Especializado em jornalismo musical, o veículo dedicou-se à cobertura da música da cidade ao longo de 2023 e acaba de divulgar sua primeira lista chamada Favoritos BH.
A lista inédita compila as escolhas de 26 especialistas e apreciadores. Cada um dos participantes, convidado pela curadoria do site, escolheu de forma livre e por critérios próprios três favoritos em cada uma das seguintes categorias: músicas, discos, shows, capas, espaços de show, eventos musicais, personalidades, estúdios de gravação, artistas e bandas.
“A ideia da lista não é apontar vencedores, mas celebrar a música da cidade em sua diversidade a partir das preferências pessoais de quem a acompanha”, ressalta Alexandre Biciati, editor do site. “Procuramos ser abrangentes ao convidar jornalistas, DJs, produtores, críticos e apreciadores que frequentam lugares e curtem estilos distintos”.
Além dos artistas e suas obras, a iniciativa também celebra a cadeia produtiva representada pelos estúdios, casas de espetáculo e eventos musicais que são responsáveis pelo importante papel de produção da música e circulação dos artistas.
OS DESTAQUES
A lista divulgada pelo Phono destaca artistas longevos como o Pato Fu, banda que completou 30 anos de carreira e foi uma das mais lembradas, mas também menciona artistas novos e em plena ascensão. É o caso da jovem cantora Augusta Barna e da banda Lamparina, que lançou seu terceiro disco no mês de outubro. As bandas Pelos e Graveola, também aparecem entre as mais citadas.
O rap veio fortemente representado por três artistas: Roger Deff, cujo disco Alegoria da Paisagem, lançado no final do ano, conseguiu ganhar a atenção do mercado; Djonga que foi um dos artistas preferidos do ano e FBC que, além de ser destaque como artista, teve o aclamado O Amor, o Perdão e a Tecnologia Irão Nos Levar Para Outro Planeta como disco mais votado.
Outra artista mencionada em várias categorias foi Sara Não Tem Nome e o instigante disco A Situação, que foi o mais citado em “Capa” ao lado do 30 do Pato Fu e Alegoria da Paisagem de Roger Deff. Sara Não Tem Nome ainda figura como destaque na categoria “Artistas”.
Dentre os estúdios que mais fizeram parte da rotina de compositores, músicos e produtores ou foram lembrados pela força da marca, empataram tecnicamente o premiado Ilha do Corvo e o imponente Sonastério.
Na categoria “Espaços de Show” os preferidos foram casas com perfis distintos. A casa noturna A Autêntica, que abre as portas semanalmente para shows autorais, se destacou por ter recebido o maior número de votos de todas as categorias: 22 votos no total. Em seguida, vieram o tradicionalíssimo Palácio das Artes e o intimista Clube de Jazz do Café com Letras.
Dentre as músicas mais relevantes do ano, quatro delas disputaram a preferência dos votantes: “Risada”, feliz parceria entre Haroldo Bontempo e João Donato, falecido em julho do ano passado; “Fique Onde Eu Possa Te Ver” sucesso do álbum 30 do Pato Fu que é um dos destaques na categoria “Discos”; “Alegoria da Paisagem” (Roger Deff, Michelle Oliveira e Luciano Cuíca Play), homônimo do recém-lançado disco de Roger Deff; e “Constelação” de Lô Borges com letra de César Maurício, que figura no disco Não Me Espere na Estação, gravado no bem citado estúdio Frango no Bafo, indicado ao Grammy Latino em 2023.
Na categoria “Shows”, única que permitiu menção a artistas de fora da cidade, o encontro da banda Titãs, que rendeu três shows em BH, dividiu a atenção com os shows de FBC. A vinda de Paul McCartney, que fechou o ano com duas apresentações na Arena MRV, foi o show internacional mais votado.
E por falar em shows, os eventos que mais se destacaram foram três festivais com proposta e estruturas semelhantes: Sensacional, Sarará e Breve, com preferência significativa pelo primeiro em detrimento aos demais.
Quanto às “Personalidades”, chamaram atenção as atuações de Leo Moraes sócio d’A Autêntica, Edmundo Correa (e sua companheira Andréa Diniz) da Casa Matriz e Thales Silva do Tranquilo.
“Listas são legais para conhecer coisas que passaram despercebidas e para saber um pouco mais das predileções de quem votou.”, explica Bruno Lisboa, colaborador do Phono. “Nossa lista é uma oportunidade de conhecer ainda mais o que tem rolado pela cidade e o que ela tem a ofecer”.
Confira a lista Favoritos BH 2003 na íntegra no site Phono (www.phono.com.br/favoritosBH2023).
