
Tudo começou em 2021 com Larissa Silva, a primogênita, primeira a ingressar no curso técnico integrado de Mecânica. Ao se formar, ela plantou nas irmãs mais novas a vontade de também seguir na área. “Foi a Larissa que nos incentivou. Sempre falava das oportunidades que o curso poderia trazer”, conta Lara Silva, 18 anos, que está no 2º ano.
Bruna Silva, gêmea de Lara e atualmente no 3º ano, revela que até pensou em fazer o curso de Química, mas acabou fisgada pelas engrenagens da Mecânica. “Quando entrei, me surpreendi. Gostei muito e quero seguir trabalhando na área”, disse ela. Já a caçula, Aline Silva, 16 anos, ingressou no campus em 2025 e reforça que ter irmãs por perto faz toda a diferença. “É uma ajuda enorme. A Bruna, por ser mais velha e mais experiente no curso, está sempre explicando alguma matéria e tirando nossas dúvidas, mas ela também é a que mais puxa a nossa orelha”, brinca Aline.
A “confusão” fica ainda maior porque Bruna e Lara são gêmeas. “Professores e colegas já se confundiram várias vezes, seja na hora de chamar ou até pensando: ‘ué, mas ela não estava em outra sala de aula agora há pouco?’. A gente leva na brincadeira, é divertido”, completa Bruna.
Quebrando estereótipos
Na família Silva, apenas um tio trabalha com soldagem. Para as irmãs, se envolver com o universo da Mecânica foi uma novidade e um desafio. No início, chegaram a ouvir comentários de que iriam “consertar carros”, mas logo perceberam que a área é muito mais ampla e cheia de possibilidades.
“Quando a gente explica, as pessoas entendem que Mecânica não é só oficina. A atuação vai muito além e a gente gosta muito”, destaca Aline.
Embora a mecânica ainda seja vista como uma área predominantemente masculina, isso não foi um obstáculo para as irmãs Silva escolherem o curso. Os números, no entanto, ainda revelam essa diferença: na turma da Bruna, por exemplo, são 7 meninas e 13 meninos; já a da Lara reúne 9 meninas e 22 meninos. “Na minha sala, felizmente, tem mais menina do que menino. Costumo dizer que nós mulheres temos mais atenção aos detalhes que os homens”, completa Aline, a caçula, mostrando que a presença feminina vem ganhando espaço.
Orgulho em família
O plano das irmãs para o futuro é ingressar no mercado de trabalho como técnicas e, depois de ganhar experiência, decidir qual graduação seguir. Enquanto isso, a família segue comemorando a cada conquista. “Foi uma festa em casa quando vimos nossos nomes publicados na convocação para matrícula. Muitos pulos e gritos”, lembram.
O entusiasmo também é compartilhado por antigos professores. Segundo as irmãs, os docentes Jaqueline, Itamar e Wesley, da Escola Municipal Isaura Coelho, sempre incentivaram os alunos a participar do processo seletivo do IFMG. Hoje, as quatro são a prova de que o apoio faz a diferença.
Além de se destacarem no curso técnico de Mecânica, as irmãs Silva também fazem parte do projeto Cientistas Negras do IFMG Campus Betim, coordenado pela professora Mônica do Nascimento Barros. O projeto busca fortalecer a representatividade e o empoderamento de mulheres negras nas ciências através de atividades de ensino e extensão.