Estudantes do Colégio Santo Agostinho celebram com a ALMG aprovação da lei que renomeia Parque Fernão Dias para Parque Cataguás
A Lei 25.366, de 2025, é fruto de uma mobilização liderada por alunos da instituição que, durante três anos, uniram pesquisa, diálogo e engajamento comunitário para estabelecer um ato de reparação histórica aos povos indígenas

Contagem (MG), 19 de agosto de 2025 – Em um momento de grande emoção, estudantes e professores do Colégio Santo Agostinho – Contagem, receberam, oficialmente, nesta segunda-feira (18) a cópia da Lei 25.366, 2025, que altera o nome da Área de Proteção Ambiental (APA) Parque Fernão Dias para (APA) Parque Cataguás, e que foi mobilizada por eles e encaminhada ao plenário pela Deputada Beatriz Cerqueira. A conquista, resultado de três anos de mobilização, foi celebrada durante a visita de representantes da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ao Colégio.
A aprovação da lei destaca tanto o reconhecimento histórico dos povos indígenas no território de Contagem quanto o protagonismo dos jovens estudantes na construção dessa conquista. A diretora do Colégio Santo Agostinho – Contagem, Aparecida Debona, destacou a importância do feito. “Eu me sinto emocionada vendo o engajamento de nossos estudantes em benefício da comunidade, porque sei que isso é fruto da formação que oferecemos. Houve dedicação em pesquisa, conhecimento técnico, negociação, diálogo com a comunidade e com entidades públicas, e também o apoio das famílias na concretização deste projeto. É inédito um grupo de estudantes conseguir que um projeto fosse aprovado na Assembleia Legislativa em favor de uma comunidade que foi esquecida na história do município”, afirmou.
Aparecida também ressaltou o papel da comunidade escolar e da sociedade civil no sucesso da iniciativa. “Eu tenho um sentimento de gratidão às famílias que nos apoiaram, comunidade que assinou as petições e incentivou a mobilização que se estendeu por mais de três anos. É uma grande conquista que representa o amor que temos pelo Parque, tão importante para a cidade.”
O protagonismo estudantil em destaque
A proposta de renomear o parque em homenagem a um povo indígena de Minas Gerais surgiu nas aulas de História, quando os estudantes refletiram sobre a ausência de reconhecimento e a invisibilidade histórica desse grupo na região.
Maria Eduarda França, estudante do primeiro ano do Ensino Médio, compartilhou sua experiência ao longo do projeto. “Eu faço parte da primeira geração envolvida no projeto para mudar o nome do parque. Ao estudar sobre o movimento bandeirantista e quem foi Fernão Dias, entendi que não fazia sentido um parque dedicado à preservação ambiental carregar o nome de alguém cuja história está ligada à exploração econômica de populações indígenas e à devastação.”
Em 2023, a mobilização dos estudantes ganhou ainda mais força quando eles elaboraram uma petição pública solicitando que o espaço fosse rebatizado como “Parque Cataguás”, em homenagem ao povo originário que habitou a região. A petição foi protocolada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais em dezembro de 2023 pela deputada estadual Beatriz Cerqueira, autora do Projeto de Lei 1.841/23, que deu origem à norma. Durante o processo, os estudantes coletaram quase 2 mil assinaturas, visitaram gabinetes parlamentares e participaram de audiências públicas. Em maio de 2025, o projeto foi aprovado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da ALMG e encaminhado para sanção do governador de Minas Gerais.
A professora de História, Inez Grígolo, que acompanhou o projeto desde o início, ressaltou o aprendizado proporcionado pela iniciativa. “Eles não apenas reconheceram a importância do parque, mas se mobilizaram de forma ativa para protegê-lo e resgatar sua história. Isso demonstra que o Colégio tem um papel fundamental na formação de cidadãos conscientes, que entendem seu poder de transformação e se preocupam com o futuro e com o meio em que vivem.”
Maria Eduarda também destacou o impacto do projeto em sua vida. “Eu me sinto muito realizada de poder ver o projeto acontecendo e de ver como o projeto tomou forma. É muito legal ver várias pessoas realmente participando ativamente da política e entendendo a importância disso na nossa vida enquanto cidadãos.”
O estudante Davi Barbosa, do 9º ano, também expressou sua emoção com a conquista. “Hoje é um dia muito importante e simbólico. Depois de tanto tempo de dedicação, estamos aqui para presenciar a entrega oficial do novo nome do parque. Foi, sem dúvidas, uma experiência extremamente gratificante. Não só para mim, mas para todos que participaram e tiveram a oportunidade de compreender a importância histórica e ambiental desse projeto. No fundo do meu coração, sei que essa experiência vai marcar minha vida para sempre.”
Legado para a comunidade
O esforço coletivo resultou no primeiro espaço público de Contagem e Betim com nome indígena, um marco para a cidade e para a valorização dos povos originários. “Estamos deixando um legado, uma contribuição para a comunidade”, avaliou a professora Inez.
A deputada Beatriz Cerqueira também destacou o protagonismo dos estudantes e a importância da preservação da memória. “Não se trata de apagar a história, mas honrar quem esteve neste território antes de todos nós”, sintetizou.